quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Crianças atravessam rio a nado para chegar à escola

Crianças atravessam rio a nado para chegar à escola
Falta de transporte obriga estudantes a enfrentar a correnteza de rio.

Reportagem: Sidney Pereira e Elson Paiva
SANTO AMARO - Na cidade de Santo Amaro, interior do Maranhão, tecnologia ainda é um sonho distante. A realidade é muito dura. Todo mundo quer aprender, estudar e melhorar de vida. Mas não existe acesso à tecnologia. Por lá, tem a natureza, implacável e uma baita sensação de isolamento.

Aprender a nadar é lição obrigatória para os estudantes do Ensino Fundamental em Santo Amaro, leste do Maranhão. O caminho até a escola na cidade é por dentro d'água. A falta de transporte escolar obriga os alunos a enfrentar as correntezas do Rio Grande com água pela cintura. Proteger o material escolar é sempre um desafio.

"Outro dia, um menino perdeu as coisas dele e molhou todo o caderno", lembra Gilcinês Santos.
Preocupadas, as mães acompanham o drama dos filhos na travessia: "A correnteza fica muito forte e elas descem na correnteza", aponta a dona de casa Maria Alziléia.

A maioria das crianças nunca usou um uniforme completo. Quando o rio está cheio, elas ficam duas, três semanas sem ir à escola. Cerca de 60 alunos seminus trocam de roupa às margens do rio: "Tem que tirar a roupa para poder atravessar”, justifica um aluno.

"O município está pleiteando junto ao Ministério da Educação um barco - o Projeto Barco-Escola - para justamente resolver este problema", afirma a coordenadora pedagógica Claudete Carneiro.

Sem o barco-escola, o tormento é ainda maior para os alunos que estão em séries mais avançadas. Eles são obrigados a cruzar o rio no meio da escuridão.
"Tem que ter realmente bastante força de vontade porque se não, não estuda", comenta Wallinson Vinícios, de 17 anos.

Ismael já sabe que nessas condições tem pouca chance de aprender: “Estou sem esperança de passar este ano. Perdi muita aula.”

O drama dos alunos de Santo Amaro deixaria de existir se um colégio, com duas salas de aulas, tivesse sido concluído pela prefeitura: "O colégio que é bom teve começo mas, não teve fim", reclama a dona de casa Fátima Novaes.

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