segunda-feira, 7 de abril de 2014

Mão de obra qualificada é o maior problema no sul e sudoeste do MA

Após mostrar os novos polos de produção no Maranhão e os impactos do movimento cada vez maior deindustrialização em Impertariz, a série 'Maranhão que produz' chega ao fim mostrando os desafios para intensificar o crescimento econômico nas regiões sul e sudoeste do Estado: as deficiências na qualificação da mão de obra e a necessidade de investimentos na infraestrutura.

De seu escritório em Balsas, o empresário Antônio Gorgen comanda um negócio que conta com um plantio de mais de 70 mil hectares de soja, milho e arroz, no Maranhão e Piauí. Para ele a construção de um distrito industrial que agregue valor à produção de grãos pode representar um ‘divisor de águas’ para o setor. “É um sonho antigo da região de Balsas de ter tanto o anel da soja e um distrito industrial. A monocultura da soja já foi a base de nossa economia e não é mais. Hoje temos uma gama muito maior de produtos sendo comercializados e plantados. E eu acredito que com a melhora de nossa logística, melhorar mais ainda essa diversidade de produtos”, disse.

O que facilmente é percebido na região é rapidez nos investimentos nem sempre é acompanhada pela qualificação da mão de obra e pela infratestrutura para atender toda essa demanda. Em alguns segmentos falta mesmo mão de obra especializada.

Os investimentos feitos nas regiões estimulam a ocupação de hotéis, a procura por transporte; melhoram a venda nos comércios e restaurantes, e mais diretamente abrem vagas de emprego e geram renda. “Infelizmente não nos preparamos para que esta demanda de indústria de médio e grande porte viesse. Para estarmos com essa demanda de serviço e infraestrutura pronta é necessário investir muito mais ainda em nossa infraestrutura de atendimento, no setor de serviço, e também principalmente em nossa mobilidade urbana”, explicou o economista Eduardo Soares Sousa.

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Nos últimos cinco anos, Imperatriz, Açailândia e Balsas formaram mais de 5 mil pessoas para a indústria, comércio e o agronegócio. Edileuson Monteiro é um exemplo. Além de pescador, também trabalhou na construção civil, e hoje é técnico em marmoraria. “Aprendi não só o que faço, mas em outras áreas. Os que estão chegando agora eu ajudo. Mostro como é que se trabalha e vou ajudando...”

O problema de mão de obra qualificada foi encarado de forma inovadora pelo empresário Francimar Cordeiro, que foi obrigado a treinar seus próprios empregados. “Porque essa mão de obra não é feita em parte nenhuma. Nem por Sebrae, nem pelo Senai. A única solução que encontrei foi fazer um grande investimento para que eu próprio pudesse formar esses profissionais não só para a minha empresa, como para as demais”, explicou o empresário.

Esse desenvolvimento e qualificação maior das pessoas nestas regiões é ressaltado pelo Décio Luís Portela, da Fundação Getúlio Vargas: “Qualquer organização, seja grande, pequena ou média, precisa estar de olho e atenta aos seus colaboradores. Ninguém faz absolutamente nada sozinho e, portanto, independentemente do nível hierárquico da organização, essas pessoas precisam se desenvolver. Não importa que estejam em Londres, Nova Iorque, Imperatriz ou Rio de Janeiro, o consumidor tem o mesmo grau de exigência. Portanto, é necessário que todos na organização estejam focados e voltados a entregar o que há de melhor. A concorrência é cada vez mais forte, a disputa pelo consumidor é cada vez maior. Assim, o diferencial vai acontecer no corpo de colaboradores, de funcionários de determinada organização”.

Esse pensamento já faz parte do dia a dia de boa parte dos empresários. “O maranhense é um povo trabalhador, mas falta talvez a capacitação. Uma capacitação inclusive de empresários, para realmente saber aquilo que querem e o que podem fazer. A legislação muda constantemente e como empresários precisamos nos atualizar e acompanhar essas mudanças”, finalizou o empresário Raimundo Sarmento.

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