quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Beyoncé: lições de uma mulher de sucesso na indústria do entretenimento

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Veja por que você vai querer aprender sobre negócios e marketing com Beyoncé

Qualquer nome além do primeiro é desnecessário quando se trata de Beyoncé. A performer se tornou uma marca maior do que ela mesma. E, na grande parte das vezes, quando um artista não precisa de sobrenome para ser reconhecido, isso significa que ali existe uma estrela. Mais do que isso, sua personalidade é um ícone que representa sucesso. Beyoncé Giselle Knowles-Carter começou a cantar desde criança. Natural de Houston, Texas, a moça venceu lá seu primeiro show de talentos, aos sete anos de idade. Aos poucos, a pequena cantora adquiriu notoriedade na cidade, participando de competições de canto e shows de talentos - e ganhando muitos deles.

Seu grande break aconteceu com o grupo feminino Destiny's Child, em 1996. A música No, No, No se destacou na Billboard, colocando as garotas no mapa dos gêneros Pop e R&B. Quando elas resolveram seguir caminhos diferentes, Beyoncé não teve dificuldades para se manter em evidência. A especialista em Marketing e Branding, Thálassa Coutinho, atribui essa permanência na indústria a uma série de elementos que, combinados, fazem da artista uma marca ímpar. "No sentido profissional, aliar voz, talento nato para dança, o alter ego da mulher poderosa e a facilidade para criar hits que agradam diversos públicos a tornam única", declara.

Queen B, como é chamada pelos fãs, faz questão de dizer que a família tem tudo a ver com o sucesso. No documentário sobre sua vida, Life is But a Dream (A vida não passa de um sonho, em tradução livre), Beyoncé comenta que sua mãe, dona de um salão de beleza, fazia as clientes lhe escutarem cantando quando criança. Ela lembra que muitas que estavam ali não queriam necessariamente ouvi-la, mas Tina Knowles não desistia de divulgar o talento da filha. Essa determinação é um dos pontos-chave da carreira da empresária multimilionária: seus pais lhe ensinaram que trabalho duro e persistência gerariam resultados. Beyoncé aprendeu a lição e a colocou em prática.

O pai, Matthew Knowles, foi seu gerente e mentor durante anos e lhe ensinou muito sobre como se comportar no meio musical: com educação, mas também firmeza, estratégia e clareza de objetivos. Ao montar uma turnê, por exemplo, e é preciso escolher setlists, figurinos, coreografias, e tantos outros detalhes, Beyoncé se serve de uma equipe altamente capacitada e ouve seus conselhos, mas sempre dá a palavra final. Como sua própria gerente, ela se permite fazer todos os ajustes necessários para que a imagem projetada pelos shows reflita a sua visão artística e de negócios. Segundo Karla Ikeda, especialista em Marketing de Serviços, esse cuidado com o branding e o marketing é essencial. "Vejo os artistas como empresas, e suas imagens são a marca que vendem; Beyoncé entende isso e investe na sua", afirma.

Aqui, o produto é a própria personalidade da cantora, e as mídias digitais são de grande importância na construção dessa persona que alcança o público. "Ela usa as redes sociais incessantemente, seja pra postar um teaser de um trabalho que está por vir e aguçar a curiosidade do fã, seja para postar seu look do dia, o lugar onde está ou um momento com a filha", explica Thálassa Coutinho. A artista sabe que as pessoas que consomem sua música e seus produtos consomem na verdade sua imagem; por isso investe na construção da projeção da sua personalidade junto ao público.

Dona de 17 troféus Grammy, Beyoncé é atualmente um dos maiores nomes da indústria musical. Com patrimônio líquido de US$ 450 milhões, ficou em primeiro lugar na lista anual de celebridades mais poderosas, elencada pela Forbes em 2014. No período entre junho de 2013 e junho de 2014, a artista acumulou US$115 milhões entre vendas de álbuns, shows, acordos publicitários e lucros provenientes de vendas de produtos que levam seu nome. Aos 33 anos, Beyoncé é uma marca global.

No final de 2013, Queen B lançou, sem avisos prévios, um "álbum visual", que estreou em primeiro lugar nas principais listas internacionais especializadas. O álbum a levou a fazer história como a primeira mulher a estrear cinco álbuns de estúdio seguidos no primeiro lugar da Billboard; além disso, o projeto foi o que vendeu mais rapidamente na história da iTunes Store. A turnê On The Run (Em Fuga), feita em parceria com seu marido, o rapper e produtor Jay-Z, poderá se tornar a segunda turnê mais bem sucedida da história, de acordo com cálculos feitos pela Forbes. Para completar, o canal de televisão por assinatura HBO comprou os direitos para exibir um especial com o último show da turnê, gravado em Paris.

Beyoncé é, portanto, uma multimarca milionária. Como ela chegou a esse patamar? A empresária sabe muito bem qual é a sua mensagem e investe nos meios adequados para transmiti-la. Assume o controle criativo de sua imagem e explora de forma exemplar a sua persona e performance como ferramentas de construção de marca. E, por fim, busca constantemente a inovação, guiada por uma clara visão de futuro. Em um mundo cheio de "cantores de um hit só", Beyoncé se destaca como exemplo de carreira sólida e duradoura. Construiu uma marca baseada em seu talento e personalidade, gerando grande identificação de público. Aprender as lições que a tornaram milionária antes dos 30 anos é uma tarefa para quem quer correr atrás do sucesso - e alcançá-lo.

Mensagem: "Quem comanda o mundo?/ As garotas"

O trecho acima, da música Run The World (Girls), demonstra que Beyoncé tem uma visão clara de quem é e de quem quer atingir. Sua mensagem é o empoderamento das mulheres, e o seu carisma aliado à imagem de mulher poderosa inspira em seus fãs uma identificação avassaladora. "Uma de suas principais características é o fato de ela ter um feeling apurado pra perceber o que o seu público quer, moldando esses desejos à artista que ela é", aponta Thálassa Coutinho.

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(Crédito: iStock)

Controle criativo: "Segui a voz que você me deu/ Agora preciso encontrar a minha própria"

O pai de Beyoncé foi seu gerente, mas eventualmente ela assumiu o controle, tanto para preservar as relações familiares, quanto para executar sua própria visão. "É uma decisão que pode funcionar ou não, mas ter o controle sobre a carreira é o ponto vital pra qualquer profissional", afirma Coutinho. Dirigir, produzir e estrelar o documentário sobre sua vida é uma escolha que exemplifica como a cantora valoriza a forma como será vista. O sucesso de Beyoncé cresceu quando ela encontrou voz e caminho próprios, tomando a frente dos negócios e da própria imagem.

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(Crédito: iStock)

Construção de marca: "Sou maior que todos/ Meu nome nos holofotes/ Sou a número 1"

A marca vendida por Beyoncé está inteiramente ligada à sua personalidade, mas ela confessa que não pensa em si como "uma estrela maior do que todas" e até se diz tímida fora do palco. Encarnar o alter ego da mulher poderosa na hora de se apresentar lhe dá confiança. Isso encoraja nos fãs o sonho de criar e projetar uma imagem para o mundo e chegar onde ela chegou. Ao invés de causar estranhamento, revelar o "segredo" da personalidade confere autenticidade à cantora. Esse jogo de equilíbrio entre o que é performance e o que é realidade é a chave da imagem e, consequentemente, da marca construída com maestria pela artista.

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(Crédito: Wikimedia Commons/ José Goulão)

Inovação: "Sou uma mulher adulta/ Posso fazer o que eu quiser"

Beyoncé sabe que não precisa se prender a padrões, por isso, inova. O álbum Beyoncé, de 2013, é um exemplo. Foi lançado sem divulgação anterior: nada de coletivas de imprensa, singles e entrevistas. As 14 músicas acompanhadas de 17 clipes foram lançados de uma vez e só poderiam ser comprados por inteiro. Foi um marketing arriscado, mas que se mostrou eficiente. "Trabalhar em formatos diferentes de divulgação e embarcar em parcerias inusitadas são técnicas que ela domina bem", declara Karla Ikeda. Além de cantar e dançar, Beyoncé atua em filmes, possui uma linha de roupas e dirigiu seu próprio documentário. Ela inova nos produtos, nas estratégias de marketing e nas escolhas artísticas.

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