segunda-feira, 14 de março de 2016

Protesto cresce, mas grande maioria ainda é da elite brasileira

Apesar do crescimento do tamanho do protesto contra a presidente Dilma Rousseff, o perfil dos manifestantes que foram à avenida Paulista neste domingo (13) se manteve elitizado. Os dados são de pesquisa do Datafolha feita por meio de 2.262 entrevistas durante o ato.

A exemplo das outras grandes manifestações contra Dilma ao longo do ano passado, os manifestantes deste domingo tinham renda e escolaridade muito superiores à média da população.

Segundo o instituto, a maioria dos participantes eram homens e com idade superior a 36 anos. Disseram que possuem curso superior 77% dos entrevistados, enquanto no município o índice é de 28%. O patamar é praticamente o mesmo do aferido pelo Datafolha em outras quatro manifestações pelo impeachment em São Paulo.

Neste domingo, 500 mil pessoas foram às ruas na capital paulista pelo impeachment, número que representa mais do que o dobro do primeiro protesto contra Dilma, há um ano.

Ao serem questionados sobre a ocupação neste domingo, 12% afirmaram que são empresários –em São Paulo a atividade é citada por apenas 2%. A quantidade de desempregados na avenida foi menor do que na população geral.

Em relação à renda familiar, metade dos entrevistados disse que está entre cinco e 20 salários mínimos. No município de São Paulo, o percentual nessa faixa é de 23%.

A pesquisa também mostrou que 77% dos manifestantes declararam que são da cor branca e que 94% não participam de nenhum grupo que promoveu o ato. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

TUCANOS EM BAIXA

O Datafolha também perguntou quem foi o melhor presidente do Brasil. Responderam Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) 60% dos entrevistados.

Na população brasileira, em fevereiro, o índice foi de apenas 15%.

Apesar da admiração pelo ex-presidente tucano, a preferência dos manifestantes pelo PSDB mostrou um expressivo declínio.

Na primeira grande manifestação contra Dilma, há um ano, o partido era o preferido de 37% dos entrevistados. Agora, o índice passou para 21%.

Neste domingo, líderes do PSDB, como Geraldo Alckmin e Aécio Neves, foram ao protesto e acabaram xingados por manifestantes. A maioria disse não ter um partido preferido.

O Datafolha também questionou os participantes do ato sobre a probabilidade de Dilma acabar de fato afastada. Os resultados mostram grande divergência em relação à população brasileira. Na avenida Paulista, 79% acreditam que a presidente deixará o cargo, enquanto no geral só 33% creem nesse desfecho para a crise.

Quase todos os entrevistados disseram concordar com a ordem do juiz Sergio Moro que obrigou o ex-presidente Lula a ir depor na Polícia Federal, há duas semanas. Consideram que o juiz agiu bem no caso 96% dos manifestantes.

Outras posições quase unânimes entre os manifestantes são a cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendida por 96% dos entrevistados, e a avaliação ruim ou péssima do governo Dilma, feita por 98%.

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