quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Fux vota pela anulação do processo e absolvição de Bolsonaro e mais cinco

 

Gabriela Biló/Folhapress


Carolina Juliano

O ministro do STF Luiz Fux tomou toda a sessão de ontem do julgamento que apura as denúncias de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 para proferir o seu voto. Após mais de 11 horas, o ministro votou pela absolvição de seis dos oito réus e entendeu não haver provas suficientes para a configuração dos crimes imputados pela PGR. Fux divergiu do relator, ministro Alexandre de Moraes, e do ministro Flávio Dino, que já haviam votado na terça pela condenação dos réus e iniciou seu voto pedindo a anulação do processo por falta de competência do STF para julgar os réus. A partir daí, iniciou uma longa explanação dos fatos discutidos até o momento, refutando quase todos e votando, então, pela condenação de dois dos réus: o delator Mauro Cid e o general Walter Braga Netto, ambos apenas pelo crime de abolição do Estado democrático de direito. Fux pediu a absolvição dos demais e ainda, no caso de Alexandre Ramagem, votou por suspender toda a ação penal. Os principais pontos do voto:

  • Ministro vota pela 'nulidade absoluta do processo'. Terceiro a votar no julgamento do núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado, Luiz Fux iniciou seu voto afirmando que o Supremo Tribunal Federal não tem competência para avaliar o caso. Em sua avaliação, os réus não são pessoas com prerrogativa de foro privilegiado e deveriam ser julgados em instâncias inferiores. E disse ainda que, mesmo que coubesse ao STF julgar a ação, teria que no plenário da Corte e não na Primeira Turma.
  • Fux nega existência de crime de organização criminosa e questiona os fatos apresentados pela acusação da Procuradoria-Geral da República e lançou dúvida sobre se são "etos executórios" ou "atos preparatórios", o que não configuraria crime.
  • Fux considera Bolsonaro inocente em todas as acusações contra ele e pede a sua absolvição.
  • Fux vota a favor da condenação, em partes, de Mauro Cid por abolição violenta do Estado democrático de direito. Mas defendeu a sua absolvição pelos outros quatro crimes: golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e organização criminosa armada. Moraes e Dino votaram a favor da condenação pelos cinco crimes.
  • Ministro pede que toda a ação penal contra Alexandre Ramagem seja suspensa.

Cármen Lúcia é a próxima a votar e deve formar maioria para condenar os réus. A ministra apresentará seu voto hoje, a partir das 14h. A sessão estava marcada inicialmente para as 9h, mas foi adiada para o período da tarde diante da demora de Luiz Fux em concluir o seu voto na sessão de ontem. O placar atual é de 2 votos a 1 pela condenação de Jair Bolsonaro e dos outros sete réus. Depois dela votará o ministro Cristiano Zanin. Com o voto de Fux, o Supremo já formou maioria para condenar Mauro Cid, delator e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa) pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito. As discussões sobre as penas devem ocorrer na sessão marcada para amanhã. Saiba mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário