Uma megaoperação envolvendo todas as forças de segurança do Rio de Janeiro resultou ontem na morte de ao menos 64 pessoas e na prisão de mais de 80 suspeitos de integrar o Comando Vermelho. A ação policial foi a mais letal da história do estado e quatro dos mortos eram policiais do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais). A ação mobilizou 2.500 policiais militares e civis para cumprir mandados de busca e apreensão nos Complexos do Alemão e da Penha, na capital fluminense e, segundo o governo do Rio, é resultado de um ano de investigação envolvendo, também, o Ministério Público do Rio de Janeiro. O objetivo é desarticular lideranças do CV. Em resposta à ofensiva da polícia, a facção criminosa usou armamento pesado e ordenou o fechamento de vias por toda a cidade, deixando diversas regiões com um cenário de guerra, com caos nas ruas, tiroteios e veículos queimados. Leia mais. - Governo federal faz reuniões de emergência após operação no Rio. Ministros do governo Lula realizaram duas reuniões para debater a situação do Rio de Janeiro após a megaoperação contra criminosos do Comando Vermelho, mas sem tomar qualquer decisão antes da chegada de Lula, que estava em viagem à Ásia. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, recebeu os ministros da Casa Civil e o da Secretaria de Comunicação e, em seguida, a Casa Civil solicitou uma nova conversa com Alckmin, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e representantes dos ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública. O ministro Ricardo Lewandowski não participou porque estava no Ceará, mas declarou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, deve "assumir as suas responsabilidades", ou admitir que não tem condições de controlar a segurança do estado e pedir intervenção federal, estado de sítio ou a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem. As medidas permitiriam que o governo federal e as Forças Armadas atuassem na segurança do Estado.
- Castro diz que pedido de ajuda às Forças Armadas foi negado. O governador do Rio de Janeiro afirmou que teve negados três pedidos para que as Forças Armadas ajudassem em operações policiais no estado. Ele criticou o governo federal e chamou de 'maldita' a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental determinada pelo STF que impôs medidas durante a pandemia, como autorização para operações policiais apenas em casos urgentes. O governador e o núcleo de Segurança Pública do estado afirmam que, graças à essa decisão do Supremo, lideranças do tráfico de outros estados foram para o Rio de Janeiro. O Ministério da Defesa afirmou que quando o governo Castro solicitou apoio da Marinha, em janeiro deste ano, o pedido foi submetido à análise da Advocacia-Geral da União e o parecer foi de que a solicitação só poderia ser atendida no contexto de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem. Entenda.
- ONU se diz 'horrorizada', e cobra investigações sobre mortes no Rio. O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos pediu ontem que as mortes na operação policial no Rio de Janeiro sejam investigadas de forma rápida. "Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que já teria resultado na morte de mais de 60 pessoas, incluindo quatro policiais", disse a entidade nas redes sociais. "Lembramos às autoridades suas obrigações perante o direito internacional dos direitos humanos e instamos investigações rápidas e eficazes", pediu o órgão da ONU. O diretor da Human Rights Watch no Brasil também se manifestou e disse que "uma operação policial que resulta na morte de mais de 60 moradores e policiais é uma enorme tragédia". Leia mais na coluna de Jamil Chade.
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