Um dia depois de decretada a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, parlamentares oposicionistas em motim obstruíram as sessões da Câmara e do Senado na volta do recesso, no que foi considerado por governistas um "novo 8 de Janeiro". Vice-presidente da Câmara, o deputado Altineu Cortês (PL-RJ) disse que vai pautar a votação da anistia a Bolsonaro se assumir o cargo —em caso de viagem ao exterior do presidente da casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Se aprovada, a anistia livraria Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado, da eventual prisão —lembrando que ele, que nega as acusações, não foi nem condenado. Para Leonardo Sakamoto, a atitude da oposição, às vésperas da entrada em vigor do tarifaço imposto por Trump aos produtos brasileiros, pode ser resumida assim: "Os bolsonaristas estão tentando dar um golpe no Poder Legislativo para poderem dar um golpe no Poder Judiciário e assim limpar a barra dos seus líderes, que tentaram dar um golpe no Poder Executivo". Josias de Souza avalia que o conflito entre Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes intima o centrão a se definir sobre a anistia ao ex-presidente —mas o colunista aposta que a opção preferida do grupo é continuar "empurrando o assunto com a barriga". Regime fechado para Bolsonaro? O comentarista Reinaldo Azevedo argumenta que a prisão domiciliar saiu barata para Bolsonaro, pois havia argumentos jurídicos para ele já ir preso agora. Mas Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo, afirma que a prisão domiciliar de Bolsonaro neste momento irritou colegas de Moraes no STF e pode ser reconsiderada. Ministros consideraram que a decisão do relator não tem fundamento jurídico. E Trump?Sakamoto avalia que, com a prisão domiciliar de Bolsonaro, a família do ex-presidente espera agora que o presidente dos EUA, Donald Trump, providencie um bombardeio de novas medidas para pressionar política e economicamente o Brasil. Depois do cercadinho bolsonarista de Brasília, o país agora fica de olhos postos no cercadinho trumpista de Washington, comenta Josias. E a colunista Mariana Sanches relata que a reação americana à prisão já começou: citando o "sancionado" Moraes, o Departamento de Estado dos EUA emitiu nota em que pede: "Deixem Bolsonaro falar". Planalto cautelosoSakamoto relata que, no Palácio do Planalto, a ordem é não comemorar a prisão domiciliar do adversário. O objetivo é deixar bem clara a distinção entre Executivo e Judiciário, para não corroborar a versão trumpista de que existe "ingerência" do governo na Justiça. E, no meio do conflito, o presidente Lula disse nesta terça que não vai ligar para seu colega Trump para negociar o tarifaço, pois o americano "não quer conversar". Raquel Landim: Oposição cobra apoio do centrão e limites ao STF após prisão de Bolsonaro Leonardo Sakamoto: Bolsonaristas tentam golpe no Legislativo para dar golpe no Judiciário Leonardo Sakamoto: Com prisão domiciliar, clã Bolsonaro quer bombardeio de Trump Leonardo Sakamoto: Ordem no Planalto é não celebrar a prisão de Bolsonaro Leonardo Sakamoto: Eduardo Bolsonaro via mordomia em prisão domiciliar. Mundo não gira, capota Leonardo Sakamoto: Para Tarcísio, prisão de Bolsonaro é 'absurdo', mas tarifaço é 'complicado' Josias de Souza: Briga Bolsonaro X Moraes intima centrão a se definir sobre anistia Josias de Souza: Brasil agora é obrigado a olhar para cercadinho de Washington Reinaldo Azevedo: Bolsonaro merece estar na cadeia; Moraes é comedido ao optar por domiciliar Reinaldo Azevedo: Correm rios de lágrimas de crocodilo; Bolsonaro preso é solução para reaças Mônica Bergamo: Prisão de Bolsonaro irrita ministros do STF, isola Moraes e pode ser reconsiderada Mariana Sanches: EUA condenam ordem de prisão dada por Moraes: 'Deixem Bolsonaro falar' Rafael Mafei: Por que a estratégia de Bolsonaro é justamente criar o caos Wálter Maierovitch: Flávio Bolsonaro deu tiro no pé do próprio pai Amanda Klein: Ninguém ganha com a prisão de Bolsonaro |
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