quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Educação na Política

"Quem se senta no fundo de um poço para contemplar o céu, há de achá-lo pequeno." (Han Yu)

* Por Anfrízio Menezes

Festividades de final de ano, “cura” das ressacas (orgânicas, morais e financeiras) deixadas por essas festividades... Início de um novo ano.

Ano novo. Ano mais do que politizado, eis que um ano de eleições municipais, ano de escolha dos governantes e legisladores dos nossos mais de 5.000 municípios.

Pois bem. Estamos no limiar de mais uma campanha eleitoral, da qual já conhecemos o calendário estabelecido: desincompatibilizações, convenções, registros de candidaturas e a campanha propriamente dita, além do dia do sufrágio do voto, já têm suas datas marcadas.

Em função disso, já estamos convivendo com as famosas e necessárias articulações políticas envolvendo as pré-candidaturas já amplamente auto-apresentadas.

E logo, logo serão autorizadas e muito bem exploradas as propagandas eleitorais, alardeadas nas ruas e veiculadas na mídia (nos horários mais nobres e caros). O objetivo, certamente, será fazer com que o eleitor analise propostas, conheça os candidatos e, democraticamente, escolha aqueles que apresentarem uma filosofia política que se enquadre na sua própria filosofia política.

O voto é a materialização da fé, da crença e da esperança de que “aquele” candidato (o escolhido) faça realmente a diferença.

Mas é exatamente daqui que partem os questionamentos que fizeram nascer esta “coisinha” aqui escrita parecida com crônica: quem neste país tem, realmente, uma filosofia política? Qual partido político tem uma ideologia a ser seguida e respeitada? Coligações, das mais estranhas realizadas num passado bem próximo, mostram o contrário!

Quem segue seus ideais e luta por eles de maneira justa, digna e honesta, se nunca, "na história deste país", as diretrizes da educação foram voltadas para incentivar o conhecimento e o acesso à ciência política?

É... Nunca houve nenhum interesse para que se aprendesse a diferença entre um verdadeiro estadista e um politiqueiro, entre alguém que faz a história ou uma fraude convincente.

O líder africano Nelson Mandela, em um de seus pronunciamentos, disse que a educação é a arma mais poderosa que se pode usar para mudar o mundo.

Já para Paulo Freire, "não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor...”.

Mas a nossa realidade indica que a escola não se preocupou em formar cidadãos críticos (não baderneiros), que soubessem ler as verdades nas entrelinhas do discurso ou pudessem detectar as mentiras, ditas no calor da eloqüência.

Ao contrário, sempre foi incentivado o modelo de pensamento colonialista, no qual as idéias e os ideais são afogados por um poder protecionista e manipulador, que engessa, paralisa e emburrece.

Resta-nos perguntar se em tempos tão conturbados (de tanta inversão de valores), estamos conseguindo fazer da educação este instrumento de transformação. Convém-nos questionar se o conhecimento, a atitude ética e a formação do bom caráter estão sendo priorizados diante de tantos modismos e de aprovação de leis que buscam favorecer os índices de aprovação dos alunos e de resultados que maquiam um nível de formação que, na verdade, não existe de fato.

Ainda segundo Paulo Freire, “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda".

Por isso é preciso pensar na educação. Só ela é o caminho (longo, difícil... quase utópico) que pode salvar, enobrecer e prosperar um país que quer, realmente, ser de primeiro mundo.

Uma educação que faça com que o cidadão cresça como ser humano, que gere desenvolvimento pessoal através do conhecimento, que o politize... para que haja engajamento e renovação.

Em época de eleição, é preciso estar de olho nas propostas dos candidatos no que concerne à educação e, após o sufrágio do voto, cobrar coerência no exercício do mandato daqueles que alcançarem o êxito eleitoral (fruto de nossa escolha).

Educação na política. Mas não apenas alfabetização, como pensam os velhos coronéis (achando que estão fazendo muito!).

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