segunda-feira, 25 de maio de 2009

CRIATIVIDADE
DVD com cenas da enchente é sucesso em Trizidela do Vale

Você vai conhecer uma grande figura, o incrível cineasta da enchente!
Um rapaz que pegou uma câmera emprestada para filmar a inundação que castigou a cidade onde ele vive: Trizidela do Vale, no Maranhão.

O resultado? Um dvd que virou sucesso entre as próprias vítimas das chuvas!
O DJ Rony é o cineasta da enchente. “Registrei as imagens para mim e para um amigo meu. Botei num DVD e lancei. Comecei a vender por R$ 5. O pessoal compra mesmo. Meu trabalho eu faço bem feito. Em 2009, eu vendi cerca de 100 cópias. A casa alagou, eu vou lá e gravo. Eles mesmos compram”, conta o DJ.

“O pessoal envia para os parentes em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Goiás. Eu coloco um pouco de cada: o sofrimento das pessoas e a alegria, porque a gente também não pode ficar triste numa hora dessas”, acrescenta o DJ Rony.

O DJ quer alegria, mas também é vítima da enchente.

“Queria estar em casa uma hora dessa, porque aqui a gente fica longe. Assim a gente vai vivendo. Gravando, eu também fico chocado com a pobreza do pessoal. Eu sinto por eles porque eu passo por isso. As pessoas dizem que eu estou ganhando dinheiro em cima dos outros. Eu não estou ganhando dinheiro. Estou mostrando a realidade. Inclusive eu. Não tenho vergonha de dizer que eu sou alagado. Quero que o pessoal dê valor às pessoas humildes. A gente mora na baixada, mas a gente é capaz de fazer qualquer coisa. É só ter força de vontade e querer, ter o apoio dos amigos que a gente faz”.


O DJ conta como filmou a enchente. “Um amigo me ajudou arrumando uma filmadora. Eu estou registrando e, ao mesmo tempo, tendo uma forma de me manter ganhando o meu dinheiro por meio do meu trabalho”, conta.

“A mãe dele reclamava comigo por que ele estava com esse negócio de ‘filmação’, mas estou me sentindo orgulhoso dele”, disse José Orlando de Souza, pai do “Dj Rony”.

Enquanto o DJ tenta vender seus DVD’s, o carroceiro oferece transporte aos desabrigados. “São só R$ 2. Não é muito bom, mas dá para descolar. Eu estou alagado também”, conta.
O barqueiro navega pelas ruas inundadas. “São só R$ 2 por passageiro. A carroça é mais perigoso. Tem muito buraco aí, o animal não vê os buracos”, diz.

Nem todo mundo pode pagar R$ 2 pelo transporte. “Eu vou caminhando, porque falta dinheiro para pagar a canoa e a carroça. A situação do jeito que está, tem que ir a pé mesmo”, fala um senhor.

As crianças pescam na rua. “Pescamos piaba. Vamos comer, com certeza. Frito de manhazinha com um cafezinho”, comentou um pai.

“A água levou nossa casa, porque era de taipa. Era a última casa da rua, já na beira do lago. Assim que começou a encher, ela foi começando a derrear. A madeira é fraca. Quando a enchente chegou, não teve jeito. Acho que até as telhas que tinham em cima quebraram toda. Tenho cinco filhos”, relata uma senhora.

Há medo de abandonar o que restou
“O problema é o seguinte: se a gente sair, aí ficam as coisas da gente. Tem muitos vândalos que pegam e ficam roubando coisas da gente. Não tem como sair totalmente para ir lá fora e deixar as coisas da gente aqui dentro d'água. Quando chega, só acha a casa, isso se achar a casa em pé”, conta Seu Carlos.

Só sobrou a laje
“A gente resolveu ficar em cima da laje, vivendo como pode. O dia tem muito sol, e à noite tem chuva. Toda noite chove. Quando chove, a gente passa a noite acordada. É sempre chuva com vento. Eu seguro o plástico de um lado, meu marido do outro. A gente passa a noite segurando o plástico. Já estou acostumada. Quase todo ano a gente passa por isso”, conta uma senhora.
O Instituto Nacional de Meteorologia prevê diminuição das chuvas na região a partir desta semana.
IMIRANTE

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