As ações do PSDB contra o presidente do Senado, José Sarney, e a contra-ofensiva do PMDB, escancaram de vez os interesses subterrâneos da crise no Senado: trata-se de uma disputa de poder político com vistas à sucessão do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).
Mas não se trata da sucessão marcada pelas eleições. O que pretende o PSDB é ter o controle do Congresso e - eventualmente - do próprio governo no ano eleitoral de 2010.
Lula sabe que, para eleger a ministra Dilma Roussef, precisa usar sua popularidade junto dela. E isso só será possível se ele se licenciar da presidência, o que o próprio já admitiu fazer.
Licenciado, Lula abre vaga para o vice-presidente José Alencar (PRB). É público e notório o precário estado de saúde de Alencar, que também deverá se licenciar para continuar o rigoroso tratamento contra o câncer.
O segundo na linha de sucessão é o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP). Ocorre que Temer será candidato à reeleição ou a vice-presidente. Neste caso, estará impedido de assumir a presidência, sob pena de ficar inalegível.
A vez passa ao presidente do Senado, exatamente José Sarney. Mas o vice de Sarney é o senador Marcone Perillo (PSDB-SP).
Por isso os tucanos, pragmáticos que são, não querem a renúncia de Sarney. E sabem que não têm elementos para sua cassação. Querem apenas desgastá-lo a ponto de fazê-lo tirar licença.
Foi por causa da exacerbação do viés político da crise que o PMDB resolveu reagir e vai pedir também a cassação do líder tucano Arthur Virgílio (AM), este sim, réu confesso em crimes que podem resultar na perda do mandato.
Agora a situação é a seguinte: Salvam-se todos ou destrói-se a instituição.
Esta é a realidade da crise no Senado…
Blog Marcos D’Eça.
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