segunda-feira, 26 de abril de 2010

“AINDA HÁ FOME EM ACAILÂNDIA”

Sábado pela manhã, uma conversa com Padre Pedro Carlos, da Paróquia São João Batista. Ele me diz que na quarta-feira, celebrando no Assentamento Planalto I, tomou conhecimento de uma mãe Adolescente, 16/17 anos, desmaiara de fome. E tem dois filhos, que também passam por necessidade. Não fosse a solidariedade de comunidade, e não teriam  que comer.

No final de 2088, a Paróquia São João Batista denunciou as mortes de Crianças, de fome mesmo, toda uma família subnutrida. Uma das Crianças sobreviventes recuperou-se fisicamente, pelo menos, na “Casa de Passagem.

Passar fome, morrer de fome, em Açailândia, “é a treva e o cúmulo do absurdo”. Afinal de contas, Açailândia não deveria nem poderia parecer com o Haiti, ou com o Sudão, infelizes nações submetidas à humilhação e a omissão de um mundo indiferente, omisso, materialista, egoísta, globalizado, e consumista... Um mundo que se dá ao luxo de supérfluos fabricados, enquanto não está nem aí para as necessidades básicas da sobrevivência e os fundamentos essenciais para a dignidade humana.

Dizia que afinal Açailândia não é um grotão  qualquer  deste Brazilsão, é a terceira economia do estado do Maranhão, a primeira renda per capita, tanto progresso alardeado, tanta coisa e “serviço prestado”... Certamente, a segurança alimentar e nutricional, direito social, ou é precarissima ou simplesmente inexiste, como política pública, pois não basta a solidariedade, esta funciona nas emergências e urgências, não como ação preventiva...

Passar fome, morrer de fome, fazer Criança passar, matar Criança de fome, são crimes contra a Humanidade, crimes absolutamente intoleráveis, inadmissíveis. Sociedade e governo não podem, não tem o direito sequer de tentar explicar/justificar um caso de subnutrição, pior ainda, uma morte por fome.

No caso relatado por Padre Pedro Carlos, outras nuances: é no interior do município, “a zona rural” esquecida e desprezada; vão dizer que “o povo é preguiçoso, afinal não se pode passar fome na roça, é só plantar que tudo dá: cereal, legume, fruta, verdura... e criar galinha caipira, porco, uma vaca leiteira, ter até peixe em criatório de tanque...”.

Mas o grave, o gravíssimo, é que vitima uma mãe, Adolescente, nutriz, e toda uma família, outras duas Crianças afetadas, violadas em seu Direito Fundamental à alimentação, Prioridade das Prioridades (ECA., artigo 4º e Constituição Federal, artigo 227).

Em tempo: e acontece na mesma comunidade que vive o drama do desaparecimento de um menino, menino com deficiência, a mais de cinco meses.

“Ainda há fome em Açailândia. Até quando?” 

Fonte: Eduardo Hirata

2 comentários:

Anônimo disse...

A pobreza é um assunto que está em todo lugar, pode ser vista por todos. É triste sair na rua e ver miséria.Crianças pedindo esmolas, mendingos nas ruas. No caso do nordeste, é pior ainda, pois as pessoas passam fome e ninguém vê,os politicos a televisão não chega até lá.E o pior da miséria é que ela gera criminalidade.

Mardonio disse...

A pobreza é um fenômeno causado pela incapacidade do ser humano de conviver com os seus.

Este fenômeno cresceu com as guerras, conflitos de ideologias e desenvolvimento do capitalismo.

Este por sua vez, se alimenta da pobreza. Sem ela não haveria concentração de renda, exclusão social (mão de obra farta e barata).

Outro fator importante a ser considerado é o crescimento demográfico.
Desde o século XVII que a questão dos direitos humanos vem sendo estudado.

As declarações são estatutos para serem cumpridos em tese. A realidade é que não sabemos como se fazer cumprir.

Eu creio que o problema não se resolve com políticas públicas. Este fenômeno é essencialmente cultural.

O regime vigente é incompatível com a extinção da pobreza. Os mecanismos e meios de produção funcionam na base da vantagem; da lei da oferta. Nesses padrões, é impossível politicamente, que se extingue esse trágico fenômeno.

Já é passada a hora de termos uma Revolução Cultural, rever nossos costumes e repensar sobre a maneira que vivemos.

A pior pobreza é espiritual, com ou sem o trato pelas seitas... “Espíritos opacos”, daqueles que não tem discernimento, nem percebem o erro, a insensatez.

Evoluir, pensar, organizar e agir; mover esses mecanismos para abandonarmos essa condição de completa alienação.

Somos instrumentos de nós mesmos, portanto, não é sensato aceitarmos os fatos incondicionalmente. É necessário que se crie um senso crítico capaz de direcionar nossos atos.

Toda essa inércia, pela infeliz caracterização do povo brasileiro como “laico”, traduz a falta de vontade para emergir dessa trágica realidade, do “circo dos horrores”.

Essa face da pobreza pode ser revertida, através do trabalho, da perseverança e do amor ao próximo.

Visitem: www.menteconscienteamor.blogspot.com