Patrimônio Público à Venda

Vereadores Juscelino Oliveira e Canela votaram contra a venda do Matadouro e Rodoviária de Açailândia

 Açailândia – Os dois Projetos de Lei de autoria do Poder Executivo, que autoriza ao prefeito Ildemar Gonçalves (PSDB), através de concessão, entregar o Matadouro Público Municipal e o Terminal Rodoviário de Açailândia para mão de terceiros, já tramitava na câmara há vários meses e somente na última semana que antecedeu o recesso legislativo foi colocado em pauta de votação e aprovado por 09 dos 11 vereadores. Somente os vereadores Juscelino Oliveira (PP) e Canela (PSB) foram contrários e se colocaram do lado do povo.

Por conta disso, os dois Edis viraram alvo de profundas críticas dos próprios colegas. Canela foi interrompido diversas vezes e proibido pelo presidente da Câmara, Hélio Santos, de expressar sua posição na Tribuna. Juscelino virou alvo do descontrolado vereador Bebezão que destilou todo o seu veneno e levianamente fez severas acusações contra o colega.

Votaram pela venda do Matadouro e Rodoviária os vereadores Hélio Batista dos Santos (PSDB), presidente da câmara; Aluísio Silva Sousa (PSDB), vice-presidente; Fábio Pereira (PSDC), 1º. Secretário, Márcio Aníbal (DEM), 2º. Secretário; Marquinhos (PR), líder do governo, Paulo Canarana (PSDB); Jr. Meu Garoto (PSL); Arlete Cutrim (PMN); e Alexsandro Bebezão (PHS). (Foto na página 08).

Na calada da noite

A prática usual do presidente da câmara Hélio Batista dos Santos é matar pelo cansaço, ou seja, esvaziar a casa e sem pressão da população conseguir adesão do número necessário de vereadores para aprovação de projetos polêmicos, principalmente aqueles advindos do Executivo municipal e que possam causar prejuízos insanáveis à população. Outra artimanha de Hélio é sempre colocar em pauta esse tipo de projeto nas últimas sessões que antecedem ao final de qualquer legislatura, seja ela semestral ou anual, pois acredita que as lesões causadas á comunidade no presente, caem muito rápido no esquecimento e no retorno aos trabalhos será outra história.

Para aprovação dos projetos que autorizam ao prefeito a vender o patrimônio público, a estratégia foi a mesma. Cozinhou por um longo tempo os trabalhadores da Rodoviária e Matadouro e na semana que antecedeu o recesso parlamentar convocou quatro Sessões Ordinárias. O fato é inusitado, pois na história política de Açailândia não se tem conhecimento da realização de tantos trabalhos legislativos em uma única semana. O plano foi tão mirabolante que a última sessão a ser realizada antes do recesso caiu justamente no dia e horário do jogo do Brasil contra Portugal pela copa da África do Sul. Enfim, casa vazia evita toda e qualquer pressão popular.

O que Hélio e os seus oito parceiros não contavam, foi que a população desta vez estava atenta e lotou as dependências da câmara e puderam ver de perto quem são os vereadores que estão do lado povo e quem está contra. Os Trabalhadores dos estabelecimentos que serão vendidos pelo prefeito Ildemar, usando de palavras de ordem ocuparam a galeria da chamada casa do povo e protestaram contra a decisão chamando os vereadores de os “nove traidores do povo”.

A reação do presidente Hélio Santos foi chamar a Força Tática da Polícia Militar para inibir a presença dos trabalhadores. O vereador Bebezão foi mais longe, e da Tribuna passou a agredir verbalmente os pais de família que pacificamente protestavam em buscas dos seus direitos. Bebezão chamou os trabalhadores de “Gatos Pingados” e um “Bando de Pés-Rapados”.

A Negociação

Para aprovação dos projetos de interesse do “chefe maior” além de afastar o povo, havia a necessidade de conseguir na hora da votação o número de mínimo 2/3 da Câmara, ou seja, pelo menos oito votos favoráveis. Inicialmente nas contas de Ildemar o placar estava garantido, seria 10 x 1, pois somente o vereador Juscelino Oliveira já havia declarado estar contrário á venda do patrimônio público. Foi então que surgiram mais duas vozes contrárias, Canela e Márcio Aníbal. Para piorar, Bebezão havia sumido após o Açai Folia e se encontrava em endereço incerto e não sabido. Ildemar resolveu então chamar Bebezão, assumir um monte de compromissos, não se sabe quais, e lhe deu a missão de junto com Marquinhos, não se sabe também com quais argumentos, conquistar o voto de Márcio Aníbal (sobrinho de Antonio Ferreira). Não deu outra, o placar foi 9 x 2.

Desrespeito ao Regimento

Na sessão de terça-feira (22) quando o presidente Hélio colocou os projetos em discussão, o vereador Juscelino Oliveira usando da prerrogativa individual que lhe é atribuída no Artigo 171 do Regimento Interno da Câmara Municipal de Açailândia, que prevê o pedido de “Vistas” de qualquer proposição pelos vereadores, teve seus direitos tolhidos. Baseando no Artigo 170 do mesmo Regimento, que trata de outra temática totalmente diferente do pedido do vereador, a mesa diretora resolveu de forma irregular colocar em decisão plenária o pedido de “Vistas” de Juscelino e a negativa foi imediata.

Enfim, Ildemar resolveu definitivamente colocar uma placa de venda em Açailândia.

Quem serão os novos donos?