sexta-feira, 1 de outubro de 2021

CERVEJA MAIS CARA!!! Ambev elevará preços, Heineken não pretende fazer novos reajustes em 2021: qual o impacto para o mercado de bebidas?

Na véspera, a notícia de alta dos preços da Ambev (ABEV3) a partir de outubro foi vista como positiva por analistas, ainda mais à medida que mais informações iam sendo reveladas sobre esse reajuste.

A elevação dos preços de produtos da Ambev, dona das marcas Brahma, Skol e Corona, deve variar entre 5% e 10%, dependendo do produto e da região. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o aumento dos preços em São Paulo deve ser maior, em torno de 10%, enquanto a expectativa de reajuste nos outros estados fica entre 6% e 8%.

Segundo o Credit Suisse, a notícia é positiva, apoiando o poder de precificação da indústria para mitigar os ventos contrários para 2022. “Os preços variam entre canais, marcas, pacotes e regiões, observando a abordagem mais flexível da Ambev em seu lançamento”, reforçam os analistas.

Os analistas do BBI destacaram que, embora a empresa tenha dito em sua teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2021 que estava estudando um aumento de preço em outubro, as estimativas de consenso não estariam refletindo totalmente este aumento de preço.

A Levante Ideias de Investimentos aponta ainda que a Ambev vem sofrendo com a alta de preços de seus principais insumos, com o custo dos produtos vendidos (CPV) por hectolitro no Brasil da companhia saltando 18% no trimestre, sendo muito afetado pela desvalorização do real e alta no preço das commodities agrícolas, que são importadas pela empresa. O aumento do preço do alumínio prejudica a fabricação das latinhas e dos combustíveis encarece o frete. Assim, a elevação é positiva para a empresa.

Enquanto a Ambev eleva os preços, a Heineken, segundo informações do Valor, não prevê aumentos de valores no último trimestre de 2021.

Mas apontou que as “revisões na tabela de preços estão relacionadas à dinâmica natural do mercado brasileiro e às necessidades de compensar principalmente os impactos da valorização do dólar nos custos de matérias-primas e dos custos logísticos, muito atrelados ao preço dos combustíveis.

O BBI apontou que o comentário de que a Heineken não aumentará os preços da cerveja brasileira no quarto trimestre poderia parecer marginalmente negativo para as ações da Ambev em um contexto de elevação de preços pela brasileira.

Esse cenário poderia resultar até mesmo em alguma perda de participação de mercado para a Ambev que não é considerada no caso-base do banco. Os analistas têm projeção de que os volumes de cerveja brasileira da Ambev fiquem estáveis no quarto trimestre de 2021 em relação ao ano anterior.

“No entanto, esse risco é mitigado pelo nosso entendimento de que a Heineken terá restrições de capacidade que provavelmente durarão até 2023 (quando ela planeja abrir uma nova planta) e também levando em conta o fato de que o quarto e o primeiro trimestres são aqueles em que a demanda é sazonalmente mais forte”, apontam.

Esse é o período quando os gargalos da Heineken podem ser ainda mais graves, limitando assim a sua capacidade de “abocanhar” a cota de mercado adicional.

“Assim, não estamos mudando nossa visão otimista da Ambev, que se baseia em nossa opinião de que: i) o mercado ainda não está precificando para a ação o provável alívio de custo nos próximos anos com a queda dos preços das commodities agrícolas e 2) uma relação de preço sobre lucro atrativa de 18 vezes para 2022, abaixo do histórico e tornando-se mais atrativa com a expectativa de uma recuperação da margem”, avaliam.

O BBI segue com recomendação outperform para a ação, com preço-alvo de R$ 21, ou potencial de alta de 35,5% em relação ao fechamento de quarta-feira.

Cabe destacar que, nos resultados do segundo trimestre, analistas mais céticos destacavam o desafio de redução de custos da companhia, além dos temores com a concorrência, enquanto outros, como o BBI, apontavam para a perspectiva de menores custos.

Analistas têm se dividido sobre a avaliação de Ambev. De 15 casas que cobrem a ação, de acordo com dados da Refinitiv, 4 recomendam compra, 7 recomendam manutenção e 4 recomendam venda. O preço-alvo médio é de R$ 17,27, ou alta de cerca de 11,5% em relação ao fechamento da véspera.


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