Usamos o alimento da Danone como exemplo, mas o conceito se aplica aos concorrentes, como os produtos Chamyto e Ninho, da Nestlé, e outros similares. Esse produto infantil que parece saudável tem uma composição inferior a outros, inclusive da mesma marca, destinados a adultos. Na lista de ingredientes do "Danoninho pra levar" encontramos um "preparado de frutas", cujo principal ingrediente é a frutose —um tipo de açúcar simples. Xarope de açúcar e ainda mais frutose incrementam a composição do chamado "Petit Suisse". Embora a palavra remeta a frutas, a frutose isolada e refinada é a molécula mais prejudicial presente no açúcar de mesa. Os aditivos completam a lista de substâncias que tornam o produto irresistível e duradouro sem refrigeração: pra levar a qualquer lugar. Uma revisão de literatura publicada em 2021 na "Revista de Saúde Pública" analisou trabalhos científicos sobre consumo de aditivos alimentares por crianças e suas possíveis consequências à saúde. Os autores concluíram que a exposição a essas substâncias pode estar associada a efeitos adversos, como hiperatividade, alergias, asma e obesidade, embora sejam necessários mais estudos confirmatórios. A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) recomenda que não se ofereça açúcar ou adoçante antes do segundo ano de vida. Após os 2 anos, o consumo de açúcar não deve ultrapassar 10% da ingestão calórica diária, uma recomendação que nem sempre é seguida. Para além dos aspectos nutricionais, os ultraprocessados levantam outras preocupações. Por estimularem o paladar de uma forma intensa, estabelecem referências de hipersabor que tornam os alimentos naturais desinteressantes. Esse é mais um motivo pelo qual as crianças não deveriam ser expostas a esses produtos. A indústria, porém, trabalha de forma ativa para recrutar consumidores cada vez mais jovens. |
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