Existe uma forma simples, mas não simplista, de entender a crise cambial pela qual o Brasil está passando. José Paulo Kupfer a caracteriza como um conflito distributivo, ou seja, entre pobres e ricos. A coluna deve ser lida na íntegra, para que se avalie a força dos argumentos, mas arrisco aqui um resumo (esse sim, talvez simplista, perdão): o governo, conforme promessa de campanha de Lula, quer incluir o pobre no Orçamento e o rico nos impostos. Para realizar o primeiro, precisa ser bem-sucedido no segundo. Os detentores de capital tentam se defender de forma objetiva (realocando investimentos para se proteger, o que explica em grande medida a alta do dólar) e subjetiva (fazendo pressão no discurso, falando em "crise fiscal" etc.). E fazem isso dando de barato que em alguns privilégios, como isenções, desonerações e emendas parlamentares, o governo não terá força para mexer. Existe um componente ideológico na reação da Faria Lima? É provável, mas, na verdade, esses atores têm interesses difusos. Como diz Hélio Schwartsman, na Folha, "são grupos bastante heterogêneos, que divergem em seus objetivos e competências para navegar entre as possibilidades de investimento, além das influências políticas e ideológicas a que se submetem". A equipe econômica, de qualquer forma, acredita que a pressão cambial vai arrefecer nos próximos dias. Para que isso aconteça, Mariana Londres acha que Lula precisa emitir um sinal claro de compromisso com o ajuste depois da reunião ministerial prevista para esta sexta. De todo modo, esse fim de ano não está sendo fácil para o governo. Vai refrescar mesmo? Vinicius Torres Freire avisa: junto com 2025, vem Donald Trump. |
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