sexta-feira, 25 de abril de 2025

Fraude em aposentadorias: 9 das 11 entidades investigadas surgiram nos governos Temer e Bolsonaro

A reforma trabalhista de Temer (2017) e a liberação de empréstimos consignados no governo Bolsonaro (2020) facilitaram a proliferação das entidades


Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (23), expôs um esquema de cobrança irregular de descontos em aposentadorias e pensões – e um dado chama atenção: 9 das 11 associações investigadas foram criadas durante os governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).

O esquema, segundo a PF, começou a se estruturar em 2019, já sob a gestão Bolsonaro, mas ganhou terreno após as mudanças na legislação promovidas nos dois governos anteriores. A reforma trabalhista de Temer (2017) e a liberação de empréstimos consignados no governo Bolsonaro (2020) facilitaram a proliferação de entidades que, sob o pretexto de representar aposentados, promoviam descontos não autorizados.

Onde e quando as entidades fraudulentas surgiram

  • Governo Temer (2016-2018):
  • Ambec (2017)
  • Conafer (2017)
  • Governo Bolsonaro (2019-2022):
  • AAPB (2021)
  • AAPEN (2023, antes ABSP)
  • AAPPS Universo (2022)
  • Unaspub (2022)
  • APDAP Prev (2022, antes Acolher)
  • ABCB/Amar Brasil (2022)
  • CAAP (2022)
Apenas duas entidades investigadas existiam antes desse período: a Contag (1963) e o Sindnapi (ligado à Força Sindical).

Legislação facilitou esquema

extinção da contribuição sindical obrigatória na reforma trabalhista de Temer permitiu que novas entidades, sem vínculo real com os trabalhadores, se proliferassem. Já no governo Bolsonaro, a explosão de empréstimos consignados vinculados a benefícios previdenciários criou um ambiente propício para golpes.

Milton Cavalo, presidente do Sindnapi, questionou:
“Como associações criadas há pouco tempo conseguem centenas de milhares de associados em meses, enquanto sindicatos tradicionais levam anos para conquistar filiados?”

A PF investiga se essas entidades agiam com falsa representatividade para obter descontos ilegais em benefícios. O caso reacende o debate sobre como mudanças na legislação, nos últimos anos, abriram espaço para fraudes contra aposentados.

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