terça-feira, 21 de outubro de 2025

Às vésperas da COP30, Petrobras recebe licença para explorar Foz do Amazonas

 

Elsa Palito/Greenpeace Brasil


Carolina Juliano

A Petrobras informou na tarde de ontem que obteve do Ibama licença para a perfuração do primeiro poço em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas, a 175 km da costa do Amapá. A empresa comunicou que a perfuração "está prevista para ser iniciada imediatamente" e deve durar cinco meses. A licença do Ibama ocorre às portas da COP30, quando líderes e representantes de entidades de todo o planeta irão debater medidas para combater a mudança climática, na cidade de Belém, que também será base das operações de perfuração. A conferência do clima da ONU será realizada de 10 a 21 de novembro. O processo de licenciamento desse poço levou quase cinco anos, com diversos embates dentro do próprio governo. O Ibama informou que a licença foi emitida "após rigoroso processo de licenciamento ambiental", que contou com três audiências públicas, 65 reuniões técnicas setoriais em mais de 20 municípios e um simulado da operação de perfuração. Saiba mais.

Parecer cita risco a peixe-boi ameaçado e indígenas ignorados. Técnicos do Ibama que emitiram a licença para a perfuração de poço da Foz do Amazonas destacaram no texto os riscos da atividade a peixes-boi ameaçados de extinção e o fato de que foram ignorados os impactos aos povos indígenas. A Folha teve acesso ao parecer técnico, que afirma que não há obstáculos ao empreendimento, desde que 34 condicionantes sejam cumpridas e seja feito um pagamento de uma compensação ambiental de R$ 39,6 milhões. O empreendimento se tornou um dos principais focos de embate interno do governo Lula. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é contra, mas publicamente defendeu que a análise do Ibama deveria ser estritamente técnica. O próprio Lula, por outro lado, criticou publicamente o presidente do Ibama pela demora em autorizar o projeto.

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