quarta-feira, 19 de novembro de 2025

O escândalo número 3477 da Faria Lima

 

Arte: Marcelo Chello

Um banco liquidado. Um buraco bilionário. Um banqueiro preso. Mais um escândalo da Faria Lima. Mas o que queremos? Queremos saber quem são os políticos preocupados com o efeito do rombo do Banco Master e a prisão de Daniel Vorcaro. E como nós queremos saber disso? Lendo a Tixa!!!! Vem que a news de hoje está no modo roteiro banqueiro pop forasteiro preso no raio-x do aeroporto.

A treta é a seguinte. O Banco Master, de repente, não mais do que de repente, virou um banco bilionário. Para vocês terem uma ideia, estima-se que 1,6 milhão de pessoas tinham os CDBs do banco e o rombo da liquidação agora ficaria em uns 50 bi. A grande propaganda do banco para conquistar clientes era que todo mundo podia comprar os títulos, que pagavam os melhores juros do mercado, porque, se o banco quebrasse, o FGC garantia. O FGC é um fundo que garante, de fato, as operações até um valor de 250 mil por pessoa. Se o banco quebra, a pessoa recebe de volta até esse limite.

Mas a bicicleta do Master começou a querer ficar difícil de pedalar. Eis que, do nada, o senador Ciro Nogueira — sim, o Nogueirão do Centrão, ex-ministro de Bolsonaro — lança a ideia de se aumentar por lei a garantia do FGC. Assim, as pessoas poderiam botar mais dinheiro com seguro FGC. Os bancos se ligaram do rolê e não deixaram acontecer.

O pessoal do mercado começou a desconfiar que a conta não fechava porque o Master estava cheio de crédito de empresas que não pareciam assim tão boas. E começaram a surgir reportagens contando como empréstimos estavam garantidos por ativos que não valiam o que o Master dizia valer.

Eis que, neste ano, Daniel Vorcaro surge todo poderoso, anunciando um negócio bilionário com o BRB, que é o banco estatal de Brasília. Uma espécie de fusão em que Daniel ainda ficaria como presidente do Conselho. Logo se especulou que era uma operação de salvamento, disfarçada de operação chique do mercado financeiro. E quem comanda o BRB? O governo do Distrito Federal, com o governador Ibaneis, do Centrão.

Mas foi a maior confusão, porque tinha que ter pedido autorização da Assembleia Legislativa e tals. Quando ficou claro que era uma operação de salvamento, logo se questionou: como o Banco Central do Roberto Campos Neto (o ex-gostosão geral da República e bolsonarista) deixou isso correr debaixo do seu nariz?

Só sei que o Banco Central, já na versão Galípolo (indicado por Lula), não aprovou a operação. Hoje, a imprensa publicou que a operação da Polícia Federal aconteceu porque foram investigar essa história de BRB e Master e descobriram operações falsas que levaram a uma transferência de 12 bi para o Master. Até um executivo do BRB também foi preso hoje. Maior rolo, né, BRASEW?

E ainda tem mais. O governador do Rio, Cláudio Castro, do partido do Bolsonaro, também apareceu hoje no noticiário. Eis que o Rio Previdência (fundo de pensão dos servidores do estado do Rio de Janeiro) aplicou bilhões em fundos do Master neste ano. Quando todo mundo já tinha quase certeza de que algo muito errado pairava sobre a baleia do Master. E é bem provável que o fundo de pensão perca o dinheiro. E olha que, em outubro, o Tribunal de Contas do Estado tinha avisado que era melhor tirar o dinheiro do Master.

Mas só tem Centrão e bolsonarista nessa história? Not. Um outro sócio de Vorcaro, Antônio Lima (que também foi preso hoje), operava uma parte de crédito consignado, que recentemente tinha sido desmembrada do Master. E o BC tinha aprovado essa operação. Eis que esse Antônio é truta do povo do PT da Bahia. Leia-se: o governo do Rui Costa, que atualmente é o quê? Ministro da Casa Civil do Lula. E Jacques Wagner, senador e líder do PT no Senado. Ahã. Isso daí mesmo. O negócio do Antônio deslanchou por conta de umas mudanças que o governo do PT fez e, depois, ele virou sócio do Master. O tal Antônio também foi preso. Aliás, ele é casado com Flávia Peres, que, antes do casamento, atendia pelo nome de Flávia Arruda e foi ministra de quem? Do Bolsonaro. Se joga, meu amor!

A cereja do roteiro

Mais de repente ainda, eis que ontem o Daniel Vorcaro anunciou que a Ficto e uns fundos árabes iam pagar 3 bi pelo Master. Fi WHAT??? Ninguém sabia quem era esse Ficto. A notícia que tinha era que era uma fintech que recentemente tinha sofrido um ataque hacker no seu sistema de Pix. Hoje soube-se que a Polícia desconfia que Vorcaro criou uma cortina de fumaça com essa história para tentar fugir. Ele foi preso no aeroporto de Guarulhos, onde pretendia embarcar em um jatinho com destino a Malta. Seu advogado jura que ele não ia fugir coisa nenhuma e estava apenas indo a Dubai para fechar o negócio com os árabes. No mercado financeiro, a fofoca é que o dinheiro do Ficto seria do próprio Daniel. Sim, darling, o mercadinho adora uma fofoca e diz que o dinheiro dele está lá fora.

E saímos da notícia de uma venda bilionária ontem à noite para o Banco Central liquidando o banco hoje cedo, enquanto a operação da PF ainda rolava. E agora, um aposentado do BC foi nomeado o interventor dessa treta, para ver o que vai dar para resgatar de grana para pagar funcionários, impostos e credores do Master.

Adiós, Pacheco?

O presidente Lula deixou a imprensa saber hoje que ele chamou Pacheco, o Rodrigo mais alto do Senado, pra dizer que não tem jeito e Messias será o indicado a ministro supremo. Mas que queria que Pacheco fosse candidato a governador. Nosso Rodrigo mais alto agradeceu e disse que vai voltar a ser advogado mesmo. Isso se o Messias conseguir ser aprovado no Senado.

Xandão bonzinho

E não é que o Xandão absolveu hoje um general, o Esthevam Theophilo, das acusações de golpe, dizendo que as provas não foram contundentes? Esse Esthevam é aquele chefe dos kids pretos que a denúncia do Ministério Público dizia que teria se colocado à disposição de Bolsonaro mesmo com seu chefe dizendo que não ia ter golpe.

Mas os outros kids pretos foram condenados, em especial aqueles do plano Copa 2022, que foram para a casa do Xandão para aniquilá-lo, mas, como o chefão do Exército não aprovou o golpe, acabaram se dispersando.

Derrite, a novela

E adivinha: Derrite (o secretário de Segurança Pública do Tarcísio que se ausentou do cargo para voltar a ser deputado federal e relatar o PL Antifacção) apresentou a sexta versão do seu relatório sobre o projeto. Entre tretas e mais tretas, finalmente o rolê foi votado e aprovado na Câmara frigorífica, agora à noite. Huguito Motta não quis saber das críticas do governo e dos pedidos para adiar e colocou na roda. Gleisi Narizinho estrilou com Derrite e chamou de “lambança legislativa”. E agora, a treta segue para o Senado.

Trumpices

E lá nos States, a Câmara dos Deputados aprovou, por uma lavada de 427 votos contra 1, um projeto de lei que obriga o Departamento de Justiça a divulgar todos os arquivos do caso do pedófilo Jeffrey Epstein. Agora o rolê segue para o Senado de lá.

Mas Trump segue sendo Trump. Dias atrás, vazaram os e-mails do Epstein dizendo que o presidente sabia das garotas. O Orange, que antes estava caladinho sobre seu apoio para divulgação dos documentos, resolveu fazer do limão uma limonada e declarou que apoiava a tal votação do projeto para divulgar tudo. E bota limonada nisso: quando foi questionado por uma repórter da Bloomberg sobre essa treta, Trump disse que sabia das garotas, sim… sabia delas com o Bill Clinton (o ex-presidente) e com o ex-presidente de Harvard. Ah, e pra não fugir ao costume, atacou a jornalista, mulher, mandando ela ficar quieta e chamando-a de “porquinha”.

Alá, meu bom Alá

Por falar em Trump sendo Trump, hoje ele recebeu na Casa Branca o ditador da Arábia Saudita, ou melhor, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, aquele acusado justamente pelos Estados Unidos de ser o mandante da morte do jornalista do Washington Post, em 2018.

Adivinha? Uma jornalista da ABC News foi justamente perguntar sobre esse caso. Trump virou um bicho, disse que o Salmão não sabia de nada, que a jornalista estava envergonhando o país, e que a licença da ABC deveria ser cassada. Ah, e claro, para não perder o costume, silenciou a repórter mulher.

Nota nada aleatória. Trump recebeu com toda pompa e circunstância o Salmão. Honras militares, jantar de gala e tudo mais. Coisa que nenhum chefe de Estado teve até agora no governo do Orange. Será porque o árabe vai colocar 600 bi de doletas nos EUA? Ou será porque Trump vai vender caças F-35 para o Salmão (te cuida, Bibi Netanyahu, de Israel)? Ou será ainda porque a family do Trump tem uns negócios das Arábias, na Arábia?

Chega, BRASEW!


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