quinta-feira, 23 de julho de 2009

NOTÍCIAS DA TARDE

NOTÍCIAS DA TARDE

Economia e Negócios
1. Surpresa salgada
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu, por unanimidade, multar em R$ 352 milhões a AmBev por infração à ordem econômica. A punição, recorde no mercado brasileiro (a maior multa aplicada pelo órgão foi para a Gerdau, por formação de cartel no mercado de aço, em 2005), foi dada para um programa de fidelização que a empresa de bebidas praticava em bares e restaurantes. O Cade entendeu que o programa, que prevê bonificações aos revendedores que vendiam mais cervejas das marcas da AmBev, induz os pontos de venda a reduzir ou eliminar a compra de produtos de marcas concorrentes, como mostra reportagem da Folha de S.Paulo (para assinantes) . A AmBev - que afirmou em nota ter recebido a notícia com surpresa - ainda pode recorrer, mas a decisão pode ser considerada uma vitória para a concorrente Schincariol, autora da denúncia contra o programa, praticado desde 2004. A AmBev possui quase 70% do mercado nacional de cerveja, enquanto a fatia da Schincariol é de 12%. Em nota, a Schincariol afirmou que a vitória é de “todos os participantes do setor”. Um aspecto interessante da decisão do Cade: a entidade determinou que a Secretaria de Direito Econômico investigue as condutas dos executivos da AmBev responsáveis pela implementação do programa. Segundo o Cade, eles podem receber multa de 10% a 50% do valor aplicado à empresa.

2. Taxa básica de juros cai e Brasil é coqueluche de investidores mundiais
Confirmando expectativas do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic) brasileira, que passa a valer 8,75% ao ano. Segundo o Valor Econômico (para assinantes), o comunicado divulgado ao fim da reunião do Copom dá a entender que a Selic pode ter encontrado o piso: “(…) o comitê avalia, neste momento, que esse patamar de taxa básica de juros é consistente com um cenário inflacionário benigno”. O Copom deu início ao atual movimento de queda da Selic no início deste ano. Desde janeiro, ela caiu 5 pontos percentuais e os efeitos disso devem ser sentidos na economia real – ou seja, no bolso dos consumidores – apenas no segundo semestre. Com crédito mais barato, empresas tendem a investir mais, gerar mais empregos e, consequentemente, o mercado consumidor deve se fortalecer. Pelo menos é o que esperam as multinacionais ouvidas pela Conferência de Desenvolvimento e Comércio da Organização das Nações Unidas (Unctad). Levantamento da entidade divulgado ontem aponta, entre todas as economias mundiais, o Brasil como o quarto destino preferido para investidores internacionais nos próximos dois anos. O motivo: fortalecimento do mercado interno, informa O Estado de S. Paulo. A mesma pesquisa prevê queda de 50% nos investimentos mundiais em 2009, mas com leve retomada em 2010 e uma recuperação significativa em 2011.

Política
3. Sarney em situação delicada
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não se manifestou publicamente ontem sobre os diálogos telefônicos de sua família, gravados pela Polícia Federal, divulgados no jornal O Estado de S. Paulo. Mandou dizer, entretanto, que não renuncia. E seus aliados, diz O Globo, espalharam ontem no Planalto a suspeita de que o vazamento das fitas veio de Tarso Genro, ministro da Justiça. A reportagem do Estadão repercutiu nos outros veículos e no Senado e complicou ainda mais a situação de Sarney. Mesmo a provável demissão dos mais de 200 servidores contratados por ato secreto - incluindo aí o namorado da neta de Sarney -, a anulação dos decretos irregulares e a ameaça de seus advogados de tomarem medidas contra a “divulgação criminosa” das gravações telefônicas da Polícia Federal não reduziram a pressão para a saída do presidente do Senado. O líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), quer apresentar nova denúncia (a quarta) contra Sarney. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) vai pedir reunião de emergência no Conselho de Ética para analisar as novas denúncias. A colunista do portal G1, Cristiana Lôbo, diz que até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em conversas reservadas, admite que já paga um preço caro por sair em defesa do presidente do Senado - apesar de considerar que agiu certo politicamente. Cristiana lembra que o PMDB insiste na conta de que 45 senadores da base aliada dão apoio a Sarney. Mas lembra que destes, 37 estão com o pé nas eleições estaduais no ano que vem - e pega mal candidato falar bem de Sarney a esta altura.

4. Enquanto isso, Lula volta a pedir cuidado com “biografia” de investigados
Mesmo sem comentar as gravações reveladas pelo Estadão, foi inevitável relacionar o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na posse do novo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, com o caso Sarney. Lula pediu ao novo procurador-geral cuidado com a “biografia” dos investigados pelo Ministério Público. Em junho, Lula, questionando o envolvimento de José Sarney com os atos secretos, fez um apelo parecido ao dizer que o presidente do Senado tem “histórico”e não pode ser tratado como uma pessoa comum.

5. Filho porta-voz
O jornal O Estado de S. Paulo traz novas gravações de conversas telefônicas, autorizadas judicialmente, de Fernando Sarney, filho do presidente do Senado. As conversas gravadas também complicam a vida de Fernando, único filho de José Sarney que não entrou oficialmente na política e que é alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de comandar uma organização criminosa com forte influência em órgãos federais. Fernando aparece como defensor dos interesses da família Sarney, tanto para os negócios da família quanto para a política. Incansável, ele atende uma média de 150 ligações no celular por dia, segundo a reportagem. O teor dos diálogos revelados agora é sempre o mesmo: o empresário esbanja poder ao articular em diversas esferas, com interlocutores como Agildo Quental, diretor financeiro da Eletrobrás, e Antonio Carlos Lima, assessor do Ministério das Minas e Energia – ambos apadrinhados da família Sarney.

6. PAC e Petrobras pagaram impostos indevidos
Mais descobertas de pagamento irregular de impostos em contratos do governo com empresas privadas. Desta vez, a reportagem de O Globo mostra que contratos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) embutem pelo menos dois tributos que o governo federal está proibido de pagar nos negócios com o setor privado desde 2007: Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Em uma obra de saneamento do PAC em Cuiabá, na qual o governo federal participa com R$ 150 milhões, os valores do IRPJ e da CSLL de empresas contratadas estariam sendo repassados ao poder público, segundo auditoria da Controladoria Geral da União (CGU). O Tribunal de Contas da União (TCU) já constatou problema semelhante na Petrobras, em que o repasse é proibido desde 1997. Um contrato da estatal com a GDK, famosa por presentear um dirigente do PT com um carro de luxo durante escândalo do mensalão, também embutia o IRPJ e a CSLL.

Saúde
7. Gripe pode adiar volta às aulas
São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul estão considerando a possibilidade de adiar a volta às aulas nas redes pública e privada por causa da gripe suína. Representantes dos Estados devem se reunir com o Ministério da Saúde para discutir o assunto, informa a Folha de S.Paulo (para assinantes). O ministério adiou em um dia a divulgação do balanço dos infectados pelo vírus H1N1, prevista para a quarta-feira, mas novos casos de óbitos causados pela gripe suína foram registrados em São Paulo (três vítimas) e no Rio de Janeiro (quatro, todas na capital). Com isso, o Estado de São Paulo chega a doze mortes e ultrapassa o Rio Grande do Sul, com 11. O total de óbitos no país vai a 29.

Ambiente
8.Tênis verde
A norte-americana Nike não vai mais usar em seus tênis couro de gado criado na Amazônia. Engajada na questão do desmatamento da floresta tropical, a empresa deu ontem um prazo a seus fornecedores, julho de 2010, para que atestem por escrito que o couro não tem origem na região, informa O Globo. E dá uma canja: se ficar comprovado que o material não provocou desmatamento algum, ela pode retomar a compra. Politicamente correto demais? Pelo jeito, não. As empresas que têm algum contato com a Amazônia podem começar a ficar atentas, porque a tendência é, cada vez mais, preservar a floresta. Também na quarta-feira, o BNDES anunciou uma série de medidas para que os financiamentos do banco a agropecuaristas não colaborem com a degradação ambiental. A principal delas é a obrigatoriedade dos frigoríficos de rastrear os rebanhos a partir de 2012 - se quiserem ter acesso aos créditos oferecidos pelo banco.
Por Camila Pamplona

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