sexta-feira, 16 de abril de 2010

Vale reajusta preço do ferro e pode levar siderúrgicas de Açailândia a fecharem as portas

siderurgica123 Açailândia - Nesse último mês de março, a Vale aumentou unilateralmente o preço do minério de ferro em 98%. À medida que atingiu fortemente o setor siderúrgico brasileiro, especialmente o Sistema Norte, formado por empresas do Pará e Maranhão, que vem sofrendo desde o segundo semestre de 2008 com os efeitos da crise econômica mundial, já que quase toda a sua produção era totalmente exportada para o mercado norte-americano, que ainda não comporta este aumento no custo, é considerada pelas indústrias como arbitrária.

As indústrias siderúrgicas de ferro-gusa atuam no Maranhão e Pará desde a década de 70, quando a própria Vale incentivou sua instalação, pois não tinha a quem vender o seu minério de ferro granulado produzido na Mina de Carajás. Atualmente, existem 15 usinas instaladas na região, sendo sete no Maranhão e oito no Pará. Agora, a companhia ainda impôs às empresas o peneiramento ou lavagem do minério, ficando as siderúrgicas com o minério granulado e devolvendo o fino do minério à mineradora, arcando com todas as despesas, além do custo ambiental do processo.

Para a ASIBRAS, além de alto, o reajuste é injusto, pois é o mesmo que a companhia vende às siderúrgicas chinesas, dificultando ainda mais a recuperação e sobrevivência das siderúrgicas maranhenses e paraenses. “Não é justo que as empresas do Sistema Norte, que estão tão próximas da Mina de Carajás, paguem o mesmo preço ou até mais alto do que um país como a China, que vem apresentando os mais altos índices de crescimento econômico nos últimos anos e que está do outro lado do mundo. Essa medida é injusta não apenas pelos motivos comerciais, mas também pelos sociais. Com essa decisão, a Vale transfere empregos de maranhenses e paraenses para os chineses”, explica Azevedo.

No auge de sua produção, até o início de 2008, as sete siderúrgicas instaladas no Maranhão, por exemplo, geravam cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos. Hoje, dos 19 alto-fornos existentes, apenas oito estão em funcionamento e mesmo assim com 50% de carga.

Para agravar ainda mais a situação, a Vale anunciou que adotará, a partir de 1º de junho, uma política de reajuste trimestral do preço do minério, já acenando para o novo preço de US$ 120.00 a US$ 130.00 por tonelada.

Azevedo ressalta, ainda, que as indústrias consomem apenas 3% do minério de ferro que a Vale exporta anualmente, que ultrapassa os 100 milhões de toneladas. “Com esses 3%, além de empregarmos milhares de pessoas, transformamos Açailândia e Marabá nos municípios com as melhores rendas per capita e maiores arrecadações de ICMS do Maranhão e Pará”, enumera o presidente da ASIBRAS.

O presidente alerta que se a Vale não tiver uma política diferenciada de preços para as siderúrgicas maranhenses e paraenses, o setor corre o sério risco de ver algumas empresas encerrando suas atividades, o que deve aumentar o nível de desemprego nos estados. “A paralisação de algumas indústrias siderúrgicas maranhenses e paraenses, além de uma tragédia social, irá comprometer outros setores importantes da economia da região como comércio e serviços, entre outros”, explica Cláudio Azevedo.

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