sexta-feira, 5 de março de 2021

Orações em casa e perda de tempo com spray: o que pensa João Gabbardo

 



Lúcia Valentim Rodrigues, do UOL

Chefe do combate à covid em SP, João Gabbardo não tem uma tarefa fácil nos próximos dias.

Ao menos até 19 de março, tem de manter as regras para o estado de São Paulo ficar na fase vermelha, a mais restritiva até agora no Plano São Paulo.

Ele e outros integrantes do Centro de Contingência do Coronavírus estudam criar uma fase que reduza mais a circulação. Seria a roxa, necessária se os números de ocupação de leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva), mortes e novas internações não caírem no estado.

Apesar do impacto na economia e da oposição de alguns setores e prefeitos, ele não vê outra opção.

"Estamos vendo a pandemia ocorrendo simultaneamente em todos os estados e também dentro dos estados pegando geral, capital e interior juntos. Então esses números soam bastante assustadores, mas não surpreendem", afirmou hoje durante o UOL Entrevista.

"Prever que isso vai melhorar nos próximos dias é difícil. A expectativa que temos é que possa piorar nas próximas semanas", diz ele.

Por isso ele defende aumentar o isolamento e, mesmo tendo liberado o funcionamento das igrejas na fase vermelha, chama o local de "zona de risco".

"Permitimos a liberação das igrejas, mas com muitas restrições para reduzir o risco. O ideal é que, se possível, as pessoas façam suas orações em casa, evitem ir a qualquer tipo de evento público, mesmo nas igrejas. Mas, se forem, que o façam com todos os cuidados possíveis de distanciamento e de não cumprimentar pessoas", afirmou Gabbardo.

Ele também critica a falta de coordenação federal. "É importante ter uma comunicação única. O presidente tem uma turma de seguidores, sei lá, 30% da população brasileira, que são muito organizados nas redes sociais. Então, enquanto o presidente ficar tendo esse tipo de reação, dizendo que é frescura, mimimi, ele incentiva todo esse pessoal a criar uma contrainformação."

Segundo Gabbardo, com a desinformação, o papel dos gestores fica difícil. "Tem uma parcela da população que recebe informações divergentes, cria polêmica, conflitos de informação. O governo federal minimiza os efeitos da pandemia, é negacionista", criticou. "Ir para Israel buscar uma alternativa mágica? É um movimento totalmente equivocado do governo."

Bolsonaro disse que vai envair uma equipe a Israel para conhecer o spray nasal EXO-CD24, medicamento que começou a ser testado contra a covid-19 apenas recentemente e ainda não tem dados de eficácia publicados.

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