Presidente da República editou série de medidas logo após assumir o cargo, na mesma cerimônia em que deu posse a ministros. Lista inclui recriação do Fundo Amazônia, novo Bolsa Família e hoje assina decreto que mantém a isenção de IPI e Confins nos combustíveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou neste domingo (1º) o primeiro pacote de medidas do novo governo. Os decretos e medidas provisórias foram assinados em cerimônia no Palácio do Planalto, horas após Lula tomar posse no cargo (leia detalhes abaixo).
Na mesma
solenidade, o presidente deu posse aos 37 ministros. Até a última atualização desse texto, os
documentos ainda não tinham sido publicados no "Diário Oficial da
União" ou divulgados pelo governo.
Veja
abaixo quais medidas Lula assinou neste domingo:
1.
Medida
provisória que reestrutura a Esplanada dos
Ministérios e cria novas pastas;
2.
Medida
provisória que recria o Bolsa Família no valor de R$
600;
3.
Medida
provisória que prorroga a desoneração dos combustíveis
por 60 dias;
4.
Decreto
que inicia reestruturação da política de
controle de armas;
5.
Decreto
que restabelece medidas de combate ao desmatamento na
Amazônia;
6.
Decreto
que restabelece o Fundo Amazônia;
7.
Decreto
revogando norma do governo Jair Bolsonaro que, segundo a nova gestão,
"incentivava o garimpo legal na Amazônia";
8.
Decreto
que, segundo o novo governo, "extingue a segregação e garante
inclusão de pessoas com deficiência";
9.
Decreto
que remove impedimentos estabelecidos na gestão anterior para a participação social na
definição de políticas públicas;
10.
Despacho
determinando que a Controladoria-Geral da União (CGU) avalie, em 30 dias, decisões
sobre sigilo;
11.
Proposta
para retirar Correios, Empresa
Brasileira de Comunicação (EBC) e Petrobras dos estudos do Programa Nacional de
Desestatização;
12.
Despacho
determinando que o Ministério do Meio Ambiente proponha, em 45 dias, nova regulamentação para o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
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das mãos de representantes do povo brasileiro
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detalhes sobre as principais medidas:
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Nova Esplanada dos Ministérios
A primeira MP assinada recria ministérios
como Transportes, Esporte, Desenvolvimento Social e Desenvolvimento Agrário,
além de transferir estruturas e secretarias entre ministérios que já existiam.
O governo Lula terá 37 ministérios, mesmo número que o
governo Lula II (2007-2010).
A diferença é que, no mandato anterior, a lista incluía o
Ministério de Assuntos Estratégicos, que não deve ser recriado, e o Banco
Central – hoje, uma entidade independente. No lugar desses, há duas novidades:
o Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério da Gestão e Inovação em
Serviços Públicos.
Agora recriado, o programa Bolsa Família
substitui o Auxílio Brasil – criado pelo governo Jair Bolsonaro no fim de 2021
unificando a versão anterior do Bolsa Família e outros benefícios sociais.
A medida é importante porque, além de garantir a
continuidade do pagamento, o texto deve trazer mudanças no formato.
O governo Lula promete retomar a fiscalização das
condicionantes que acompanhavam o pagamento – as crianças da família têm que
estar na escola e com a vacinação em dia, por exemplo.
O calendário de pagamento do Bolsa Família já foi divulgado e deve seguir o
mesmo formato do Auxílio Brasil – veja as datas.
·
Desoneração dos combustíveis
Nas últimas semanas, o tema da
tributação federal sobre os combustíveis dividiu o governo. Por fim, venceu a
ala que defendia prorrogar, por 60 dias, a desoneração dos produtos.
Em junho, em meio à inflação provocada pela guerra na
Ucrânia e em período pré-eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) zerou
alíquotas tributárias que incidem sobre a gasolina, o álcool e o diesel. As
medidas, no entanto, perderam validade neste sábado (31).
No início desta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT),
pediu que o atual governo não prorrogue a desoneração. Ele disse que o governo
eleito precisava de mais tempo para decidir se renova a desoneração, mas não
citou argumentos para já retornar com a cobrança de imposto.
Se por um lado a volta da cobrança do imposto tem possível
impacto nas bombas e na inflação, tem também o potencial de arrecadar quase R$
53 bilhões no ano – no momento em que o governo eleito busca formas de
compensar os gastos com as promessas de campanha.
·
Restabelecimento do Fundo
Amazônia
Criado há 14 anos para financiar ações
de redução de emissões provenientes da degradação florestal e do desmatamento,
o Fundo Amazônia é considerado uma inciativa pioneira na área.
O mecanismo está paralisado desde abril de 2019, quando o governo de Jair
Bolsonaro fez um “revogaço” de centenas de conselhos federais e com isso
extinguiu seus Comitê Orientador (COFA) e Comitê Técnico (CTFA).
Em novembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF)
determinou a reativação do fundo no prazo de 60 dias. Em dez anos (2009 a
2018), o fundo aplicou mais de R$ 1 bilhão em 103 projetos de órgãos públicos e
organizações não-governamentais.
·
Controle sobre armas
Lula já havia dito, no discurso de posse
no Congresso, que seu governo iria revogar os decretos do ex-presidente Jair
Bolsonaro que facilitaram o acesso a armas de fogo e munição.
A flexibilização do acesso a armas, impulsionada por
Bolsonaro, vem sendo alvo de críticas de especialistas em segurança, que
afirmam que a medida piora e violência e aumenta a quantidade de armas em mãos
de criminosos.
·
Análise de sigilos
Lula afirmou ainda durante a eleição que
uma de suas primeiras medidas ao assumir a presidência seria a revisão dos
sigilos impostos por Bolsonaro.
Em diversas oportunidades durante a campanha, Lula declarou
que faria um "revogaço" das decisões logo no primeiro dia do novo
governo.
"No primeiro dia de governo, nós vamos fazer um
decreto para acabar com o sigilo de 100 anos. O povo deve ver o que estão
escondendo", escreveu Lula, em uma rede social.
Entre os documentos que foram alvo de sigilo estão o cartão de vacina de
Bolsonaro e o processo sobre a participação do ex-ministro da Saúde e então
general da ativa do Exército Eduardo Pazuello em uma manifestação a favor do
ex-presidente, no Rio de Janeiro.
Colocar um documento ou informação sob sigilo é uma decisão
de um órgão do governo ao qual um pedido de informação é enviado, via Lei de
Acesso à Informação (LAI).
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