sexta-feira, 3 de novembro de 2023

AÇAILÂNDIA: Flagrante de uma cultura de que cabe ao cidadão SUJAR e a prefeitura LIMPAR

Um cidadão que pensa uma Açailândia melhor flagrou um homem jogando entulhos em uma espécie de NASCENTE DE RIO – para o cidadão que flagrou restou a indignação, já para o SUJÃO uma verdadeira normalidade, corroborada por alguns populares em redes sociais – uma verdadeira cultura arraigada há décadas de que sujar as ruas, suas calçadas e à frente de suas casas é tudo muito natural, pois tem a prefeitura pra limpar – um verdadeiro “Complexo de vira lata”: a síndrome do brasileiro, segundo Nelson Rodrigues.

 

Flagrante de um homem jogando entulhos em uma espécie de nascente de Rio em Açailâdia.

Artigo

*por Wilton Lima

O povo brasileiro ao longo de décadas criou no seu interior o que chamou o escritor Nelson Rodrigues de “Complexo de Vira Lata”, em que pese que o Brasil é o pior país do mundo pra se viver, e, trazendo o tema para nossa região, o próprio nordestino reprime seu compatriota, e, porque não falar do Maranhense que grita aos berros e a todo tempo que este é o pior Estado da Federação.

E o que falar da cidade que escolhemos para viver? O cidadão que vive aqui e daqui tira o seu sustento faz questão de falar aos quatro ventos de que essa é uma cidade sem jeito e de que esse é o pior local para se viver – outro dia as redes sociais massacraram o radialista Rair Silva, ao se colocar contra a teoria de alguns de “o quanto pior melhor”, desabafou e disse que quem não quer o melhor pra sua cidade que vá embora dela.

O cidadão de Açailândia que quer uma cidade melhor para se viver, primeiro precisa se desencarnar da ideia do “quanto pior melhor” e se afastar dessa cultura do “SUJISMO”, e, principalmente, se curar desse COMPLETO DE VIRA LATA.

Como açailandenses raízes que visam o crescimento e o desenvolvimento da sua cidade, precisamos aprender que as responsabilidades são mútuas - o poder público precisa aplicar corretamente as políticas públicas, mas o cidadão também precisa aprender e se desvencilhar dessa horrenda cultura de que “Eu vou sujar porque tem a prefeitura para limpar – Enquanto isso não mudar, não haverá o famoso discurso da atração de emprego e renda, que todo mundo quer, mas não faz por onde. 

Qual a empresário que quer instalar suas empresas a trazer pra Açailândia sua família para conviver com esgoto a céu aberto, lixões provocados pelos cidadãos em pleno Centro da cidade, o mato crescendo a portas dos cidadãos que cruzam os braços para não pegar numa enxada, esperando pela prefeitura para limpar.

Saneamento básico é sim responsabilidade da prefeitura, pavimentação e limpeza das ruas é responsabilidade do poder público – isso é fato, no entanto, o cidadão também tem as suas RESPONSABILIDADES – está no Código de Postura do município que todo cidadão é obrigado a construir um “SUMIDOURO” em sua residência para assim não jogar água servida nas ruas, que destroem qualquer tipo de pavimentação, mas não o faz.

O cidadão precisa entender que o mato que se cria na sua porta é responsabilidade do mesmo de capinar e dar destino ao mato capinado, mas não o faz – em Açailândia existem até hortas e plantação de bananeira e macaxeira nas calçadas.

Por fim, não se constrói uma cidade melhor para se viver, sem que cada um faça um pouquinho a sua parte – cada um com suas responsabilidades.

Aqui faço um chamamento: QUE TAL ACABAR COM A CULTURA DO SUJISMO???

Voltando ao vídeo do homem que ver com muita naturalidade jogar entulho nas ruas da cidade, me depare nas redes sociais o seguinte comentário: enquanto não pavimentar essa rua o povo vai continuar jogando lixo – o comentário partiu do ex-vereador e oficial de justiça Márcio Aníbal – pra ele também é muito natural jogar lixo e entulho nas ruas da cidade – cabe apenas lamentar!

Pra finalizar este artigo preciso explicar o que é COMPLEXO DE VIRA LATA, pois corro o risco de ser massacrado nas redes sociais, assim como aconteceu com radialista Rair Silva – WILTON LIMA TÁ CHAMANDO O POVÃO DE CACHORRO!!!

O que é o complexo de vira-lata?

O complexo de vira-lata é uma teoria criada por Nelson Rodrigues na década de 1950. Para ele, o brasileiro não atingia o ápice de seu potencial por possuir uma crença inconsciente de que é uma "etnia" inferior a dos demais, especialmente em face dos europeus.

Nelson dizia que o brasileiro precisava encontrar sua identidade para se desenvolver como país. A teoria surgiu especialmente devido as ideias de inferioridade racial de autores famosos do século XX, como Monteiro Lobato, Oliveira Viana e Nina Rodrigues.

Pode-se dizer que esses escritores defendiam complexo de vira-lata, já que defendiam abertamente que o brasileiro é produto de um "erro da natureza", chegando a defender uma "purificação racial", como será demonstrado abaixo neste artigo.

Autores como Gilberto Freyre e Ariano Suassuna, junto com Nelson Rodrigues, foram alguns dos principais defensores da identidade brasileira contra o complexo de vira-lata.

A primeira aparição do “complexo de vira-lata”

A descrição do complexo de vira-lata surgiu a partir da coluna de Nelson Rodrigues para o jornal Manchete Esportiva, no ano de 1958. O autor estava descrevendo o comportamento que observava nas ruas do país após a derrota do Brasil na Copa do Mundo de 1950, realizada no Brasil.

Mais de 173.850 pessoas estavam no estádio na final entre Brasil e Uruguai. Desde 1920, o futebol já tinha se tornado uma prática de todas as classes sociais em grande parte do país. A Copa de 1950 veio em um período no qual muitos brasileiros estavam entusiasmados com o esporte.

A seleção brasileira venceu partida por partida, conseguindo chegar na final do grande torneio. O público da última partida foi o maior das Copas do Mundo até os dias de hoje.

Os brasileiros estavam tão entusiasmados que os que ficaram de fora derrubaram os portões do estádio para poder entrar. Ao fim de uma partida acirrada... o Brasil perdeu. A seleção brasileira ainda não tinha nenhuma Copa.

Sobre os efeitos da derrota, Nelson Rodrigues escreveu:

“Os jogadores já partiram e o Brasil vacila entre o pessimismo mais obtuso e a esperança mais frenética. Nas esquinas, nos botecos, por toda parte, há quem esbraveje: — ‘O Brasil não vai nem se classificar!’.

E, aqui, eu pergunto: — não será esta atitude negativa o disfarce de um otimismo inconfesso e envergonhado? Eis a verdade, amigos: — desde 50 que o nosso futebol tem pudor de acreditar em si mesmo.

A derrota frente aos uruguaios, na última batalha, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer brasileiro. Foi uma humilhação nacional que nada, absolutamente nada, pode curar.

Dizem que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor-de-cotovelo que nos ficou dos 2 x 1. 

[...]

Gostaríamos de acreditar na seleção. Mas o que nos trava é o seguinte: — o pânico de uma nova e irremediável desilusão”.

Após a descrição, ele diagnostica o complexo:

“Por ‘complexo de vira-latas’ entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol.

Dizer que nós nos julgamos ‘os maiores’ é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade.

Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo. Na já citada vergonha de 50, éramos superiores aos adversários. Além disso, levávamos a vantagem.

Pois bem: — perdemos da maneira mais abjeta. Por um motivo muito simples: — porque Obdulio nos tratou a pontapés, como se vira-latas fôssemos. Eu vos digo: — o problema do escrete não é mais de futebol, nem de técnica, nem de tática. Absolutamente. É um problema de fé em si mesmo.

O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender lá na Suécia. Uma vez que se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para segurar, como o chinês da anedota. Insisto: — para o escrete, ser ou não ser vira-latas, eis a questão”.

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