Apesar de ter usado o nome de Bolsonaro como estratégia de campanha, o partido no Maranhão agora adota um posicionamento mais pragmático.
O Partido Liberal (PL) no Maranhão tem sinalizado uma mudança de postura ao se distanciar do bolsonarismo, mesmo após utilizar amplamente o nome de Jair Bolsonaro nas eleições municipais de 2024. Sob a liderança do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, a sigla conquistou 40 prefeituras no estado, consolidando sua força de forma independente da influência do ex-presidente.
A estratégia local, marcada por um pragmatismo político que prioriza resultados, tem deixado claro que o PL no Maranhão caminha para se consolidar como uma força autônoma. Esse movimento de afastamento, entretanto, não passou despercebido por Bolsonaro, que em uma entrevista recente atacou diretamente Josimar e seus aliados, sugerindo a expulsão deles do partido.
— O Maranhão não vai ficar como está. Não tem clima do nosso pessoal permanecer no partido que passa a mão na cabeça de marginais. (…) Ou expulsa esses dois, mais uma vez pegos em corrupção, ou então fica difícil a gente falar que o PL é um partido diferente — afirmou Bolsonaro, referindo-se a Josimar e ao deputado Pastor Gil.
Enquanto Bolsonaro busca retomar o controle da legenda no estado, o PL maranhense tem se fortalecido sob o chamado “Josimarismo”, uma articulação que reúne lideranças regionais e submovimentos em diversos municípios. Essa estrutura foi fundamental para os avanços eleitorais da sigla em um estado historicamente alinhado ao lulismo.
Apesar de ter usado o nome de Bolsonaro como estratégia de campanha, o partido no Maranhão agora adota um posicionamento mais pragmático. Esse comportamento reflete a percepção de que a influência do ex-presidente perdeu força após sua derrota em 2022.
A disputa interna no PL ganhou novos contornos com a visita de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do partido, a São Luís. Valdemar declarou apoio irrestrito à liderança de Josimar de Maranhãozinho e descartou qualquer possibilidade de mudanças no comando estadual, afirmando que o crescimento do partido no estado é mérito da estratégia local.
Valdemar também minimizou as acusações de corrupção, classificando-as como ataques políticos motivados por disputas internas e ressaltou que Josimar é peça-chave para os planos do PL no Maranhão.
— Bolsonaro foi influenciado por pessoas que têm inveja do trabalho de Josimar. O que importa são os resultados, e o PL no Maranhão está mais forte do que nunca graças à liderança dele — afirmou Valdemar.
O afastamento do PL no Maranhão do bolsonarismo expõe uma tensão maior dentro da sigla: o confronto entre a centralização ideológica de Bolsonaro e o pragmatismo político de lideranças regionais como Josimar. No estado, o partido parece decidido a trilhar um caminho independente, priorizando resultados locais e deixando para trás o peso das disputas nacionais.
Para Bolsonaro, essa mudança representa um desafio à sua narrativa de controle e combate à corrupção dentro do partido. Porém, para o diretório nacional, o crescimento do PL no Maranhão é uma prova de que a autonomia regional pode ser mais eficaz do que uma estratégia exclusivamente alinhada ao ex-presidente.
No cenário maranhense, o bolsonarismo já parece estar em segundo plano, com o PL consolidando sua própria identidade e projetando um futuro em que Jair Bolsonaro pode ter menos espaço dentro da sigla.
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