terça-feira, 29 de julho de 2025

Às vésperas do tarifaço, esconde-esconde nos EUA e negociação parada

 

 Missão brasileira de senadores esconde sua agenda para evitar a intromissão do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que milita pelas tarifas

Missão brasileira de senadores esconde sua agenda para evitar a intromissão do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que milita pelas tarifas

Divulgação/Flickr/nelsontradfilho


Roger Modkovski

O tarifaço anunciado por Donald Trump para produtos brasileiros entra numa semana decisiva, sem mostras de que algo será alterado por negociações. Salvo novidades, a taxação de 50% passa a valer em 1º de agosto.

A colunista Amanda Klein nota que o Brasil está "no final da fila" da negociação, com uma tarifa que não tem nenhuma justificativa técnica —o motivo citado pelo republicano é uma suposta "perseguição judicial" ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado.

'Esconde-esconde'

Mariana Sanches relata que os senadores brasileiros que estão nos EUA para tentar negociar o fim, o adiamento ou o encolhimento do tarifaço não estão divulgando sua agenda, no que seria uma tentativa de evitar interferência do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que trabalha a favor das tarifas.

Josias de Souza repara no absurdo dessa situação e diz que, nesse "esconde-esconde" bizarro, o interesse nacional está perdendo para a conspiração antipatriótica praticada por Dudu.

Josias também destaca a dificuldade de relacionamento de Lula com Trump, diferente da relação civilizada que teve com o republicano Bush e o democrata Obama. Para o colunista, Lula precisa se aproximar da Casa Branca, antes tarde do que nunca, embora a tarefa não seja fácil.

Vista grossa à chantagem

 

E enquanto os brasileiros se desdobram para negociar com quem não parece querer negociar, Leonardo Sakamoto aponta para a posição sui generis de governadores de direita como Ratinho Júnior (PR), Ronaldo Caiado (GO) e Tarcísio de Freitas (SP) —não por coincidência todos presidenciáveis— que culpam Lula pela situação sem considerar que o país é submetido a uma chantagem por parte de Trump.

Trata-se, segundo Sakamoto, sobretudo de cálculo político — mas que demonstra que esses homens públicos não se importam com a dimensão de interferência em nossos assuntos domésticos.

Sem impeachment

Enquanto isso, relata Carla Araújo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), deu de ombros à pressão da família Bolsonaro e não vai pautar o impeachment de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo, relator do processo contra Jair e inimigo dos bolsonaristas. Alcolumbre tem dito a interlocutores que um processo desses só prejudicaria um país dividido como o Brasil.

 

Amanda Klein: Em semana decisiva sobre tarifaço, Brasil está no fim da fila

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