A derrubada pelo parlamento do aumento na alíquota do IOF proposto pelo Ministério da Fazenda botou fogo no conflito entre o governo Lula e o Congresso Nacional -e teve como subproduto um canhestro debate sobre a cinco vezes centenária polarização social no Brasil. O presidente Lula defendeu hoje sua decisão de levar ao STF (Supremo Tribunal Federal) o embate sobre a alta do imposto, que o governo considera crucial para botar ordem nas contas federais. "Se eu não entrar com um recurso no Poder Judiciário, não for à Suprema Corte, não governo mais", advertiu o presidente. O colunista José Paulo Kupfer concorda que Lula não tinha opção outra que não o recurso ao Supremo -e que paradoxalmente é isso que pode restaurar o equilíbrio democrático e desobstruir os canais de negociação entre Executivo e Legislativo. Elio Gaspari, colunista da Folha, discorda e diz que Lula se enredou num "jogo de perde-perde". Para o colunista Josias de Souza , a fala de Lula é uma acusação de que deputados e senadores tentam usurpar seu papel de presidente, decidindo sobre algo que é da alçada do chefe do Executivo. Josias traça um painel sombrio sobre a relação entre governo e parlamento no país. "Lula está sonhando com uma normalidade que não existe mais ", diz Josias. Josias também denuncia o que chama de "oportunismo" no debate fiscal: o governo diz ser contra a elevação da carga tributária, mas aumenta um imposto; o Congresso diz ser a favor do corte de gastos, mas não larga as emendas e cria gastos depois de gastos. Diante do imbróglio, o governo segue argumentando que se trata de uma briga entre pobres que pagam muito imposto e ricos que não querem pagar. Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, acusou Lula de estar "criando a polarização social". E Leonardo Sakamoto socorreu-se da história ensinada para as crianças do fundamental para explicar que tal "polarização social" já existe há mais de 500 anos no país. "Quem ignora que o poder tem dono, acaba mantendo a desigualdade como sempre foi", conclui o colunista. Para Ronilso Pacheco, o governo devia ter feito antes esse embate entre ricos e pobres no que diz respeito à justiça tributária. Ronilso acredita que o discurso oficial é correto, mas, pelo fato de "chover no molhado", agora ele "não cola" e não deve gerar nem engajamento nem pressão popular sobre o Congresso. José Paulo Kupfer: Reequilíbrio democrático, paradoxalmente, passa pelo recurso de Lula ao STF Elio Gaspari: Lula preferiu um jogo de perde-perde Josias de Souza: Lula acusa deputados e senadores de tentarem usurpar trono Josias de Souza: Lula sonha com 'normalidade política' que não existe mais Josias de Souza: Ordenhadores do orçamento tiram leite de uma vaca morta Josias de Souza: Quaest mostra que Lula 3 vai virando uma xepa na Câmara Leonardo Sakamoto: Presidente da Câmara erra: polarização social no Brasil já tem 500 anos Ronilso Pacheco: Discurso de Lula de 'ricos x pobres' faz sentido, mas não cola Reinaldo Azevedo: Acordo sobre PDL? Ao arrepio da Carta? STF não tem o direito de não decidir Reinaldo Azevedo: A guerra dos pobres contra os ricos e dos ricos contra os pobres Reinaldo Azevedo: No PDL, o STF pode buscar conciliação, não ir contra a Constituição Amanda Klein: Centrão ameaça debandada; Rui Costa e Haddad se entendem |
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