quinta-feira, 3 de julho de 2025

O caso IOF e as guerras governo versus Congresso e pobres versus ricos

 

Hugo Motta e Lula em evento em Brasília. Presidente da Câmara afirmou que o petista está 'criando' a polarização social

Hugo Motta e Lula em evento em Brasília. Presidente da Câmara afirmou que o petista está 'criando' a polarização social

WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO


Roger Modkovski

A derrubada pelo parlamento do aumento na alíquota do IOF proposto pelo Ministério da Fazenda botou fogo no conflito entre o governo Lula e o Congresso Nacional -e teve como subproduto um canhestro debate sobre a cinco vezes centenária polarização social no Brasil.

 

O presidente Lula defendeu hoje sua decisão de levar ao STF (Supremo Tribunal Federal) o embate sobre a alta do imposto, que o governo considera crucial para botar ordem nas contas federais. "Se eu não entrar com um recurso no Poder Judiciário, não for à Suprema Corte, não governo mais", advertiu o presidente.

O colunista José Paulo Kupfer concorda que Lula não tinha opção outra que não o recurso ao Supremo -e que paradoxalmente é isso que pode restaurar o equilíbrio democrático e desobstruir os canais de negociação entre Executivo e Legislativo. Elio Gaspari, colunista da Folha, discorda e diz que Lula se enredou num "jogo de perde-perde".

Para o colunista Josias de Souza , a fala de Lula é uma acusação de que deputados e senadores tentam usurpar seu papel de presidente, decidindo sobre algo que é da alçada do chefe do Executivo. Josias traça um painel sombrio sobre a relação entre governo e parlamento no país. "Lula está sonhando com uma normalidade que não existe mais ", diz Josias.

Josias também denuncia o que chama de "oportunismo" no debate fiscal: o governo diz ser contra a elevação da carga tributária, mas aumenta um imposto; o Congresso diz ser a favor do corte de gastos, mas não larga as emendas e cria gastos depois de gastos.

 

Diante do imbróglio, o governo segue argumentando que se trata de uma briga entre pobres que pagam muito imposto e ricos que não querem pagar. Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, acusou Lula de estar "criando a polarização social".

 

Leonardo Sakamoto socorreu-se da história ensinada para as crianças do fundamental para explicar que tal "polarização social" já existe há mais de 500 anos no país. "Quem ignora que o poder tem dono, acaba mantendo a desigualdade como sempre foi", conclui o colunista.

Para Ronilso Pacheco, o governo devia ter feito antes esse embate entre ricos e pobres no que diz respeito à justiça tributária. Ronilso acredita que o discurso oficial é correto, mas, pelo fato de "chover no molhado", agora ele "não cola" e não deve gerar nem engajamento nem pressão popular sobre o Congresso.

José Paulo Kupfer: Reequilíbrio democrático, paradoxalmente, passa pelo recurso de Lula ao STF

Elio Gaspari: Lula preferiu um jogo de perde-perde

Josias de Souza: Lula acusa deputados e senadores de tentarem usurpar trono

Josias de Souza: Lula sonha com 'normalidade política' que não existe mais

Josias de Souza: Ordenhadores do orçamento tiram leite de uma vaca morta

Josias de Souza: Quaest mostra que Lula 3 vai virando uma xepa na Câmara

Leonardo Sakamoto: Presidente da Câmara erra: polarização social no Brasil já tem 500 anos

Ronilso Pacheco: Discurso de Lula de 'ricos x pobres' faz sentido, mas não cola

Reinaldo Azevedo: Acordo sobre PDL? Ao arrepio da Carta? STF não tem o direito de não decidir

Reinaldo Azevedo: A guerra dos pobres contra os ricos e dos ricos contra os pobres

Reinaldo Azevedo: No PDL, o STF pode buscar conciliação, não ir contra a Constituição

Amanda Klein: Centrão ameaça debandada; Rui Costa e Haddad se entendem

Nenhum comentário: