terça-feira, 5 de agosto de 2025

Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro um dia após manifestações

 

Bolsonaristas fazem manifestação em São Paulo neste domingo; Moraes entendeu que transmissões com Bolsonaro nos atos descumpriram medidas cautelares

Bolsonaristas fazem manifestação em São Paulo neste domingo; Moraes entendeu que transmissões com Bolsonaro nos atos descumpriram medidas cautelares

Cadu Pinotti/Agência Brasil


Roger Modkovski

O ministro do STF Alexandre de Moraes decretou hoje a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprir medidas cautelares, um dia depois de o bolsonarismo realizar manifestações na Paulista, em Copacabana e outras cidades.

 

Na decisão, Moraes citou o "reiterado descumprimento das medidas cautelares" que pesavam sobre o presidente, réu por tentativa de golpe de Estado. O ministro afirma que o ex-presidente usou suas "milícias digitais" para desrespeitar as ordens que lhe haviam sido impostas, como a de não usar redes sociais. Ele citou especificamente o fato de Bolsonaro ter se dirigido a manifestantes reunidos no Rio.

 

Para Igor Gielow, da Folha de S.Paulo, a decretação da prisão domiciliar é tudo que o bolsonarismo precisa para manter a mística em torno de seu líder, que aposta todas as fichas no apoio que vem recebendo do presidente americano, Donald Trump.

 

Leonardo Sakamoto afirma que Bolsonaro "implorou" para ser preso, "esticando a corda", e que vai apelar para a vitimização —e sob o risco de mais sanções americanas vindo por aí.

'Catarse'

 

Sakamoto viu nos protestos deste domingo uma "catarse" de uma amostra do 20% do eleitorado que ainda é bolsonarista, celebrando uma "vingança" que vai ceifar empregos e prejudicar a economia nacional -embora o próprio Moraes, principal alvo de sanções trumpistas, não pareça estar tão preocupado com elas.

Reinaldo Azevedo vê no relativo sucesso da manifestação na Paulista o surgimento do "paradoxo dos Bolsonaros": o apoio de um candidato da direita ao indulto do ex-presidente se transforma em rejeição popular, não em vantagem eleitoral.

Comunista infiltrado

 

Josias de Souza conclui que o problema do movimento não é a falta de apoio: é o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que, segundo o colunista, aumentou o rol de crimes atribuído ao pai e levou a Casa Branca a adotar um tarifaço rejeitado pela maioria dos eleitores brasileiros, que prejudicará empresas e ceifará empregos —ressuscitando assim o cacife eleitoral da esquerda.

Josias se pergunta: não caberia investigar se Eduardo não é um comunista infiltrado cujo objetivo é exterminar a extrema direita no país?

E Lula?

Por outro lado, a colunista Amanda Klein lembra que, apesar do tarifaço, uma dura disputa pela reeleição ainda espera Lula em 2026, com números longe de trazer "conforto ou convicção de vitória".

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