sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres no comando: o sucesso do poder feminino. Conheça empresas que fazem a diferença e as mulheres que estão à frente delas

* Por Fábio Bandeira de Mello e Mayara Chaves, Revista Administradores, 8 de março de 2013 

Foi-se o tempo em que as mulheres se comportavam como muitas donzelas dos antigos romances e contos de fada. Em histórias como Rapunzel ou A bela adormecida, elas se apresentam como figuras subservientes, que só tinham seus finais felizes condicionados à aparição de um príncipe encantado em suas vidas. No entanto, a postura feminina com o passar do tempo deixou de ser submissa e passou a ser independente e atuante na sociedade a partir de conquistas contínuas.

Cada vez mais as mulheres ganham destaque nas carreiras, em cargos de liderança e em funções outrora exclusivas do gênero masculino, a exemplo de Angela Merkel (chanceler da Alemanha), Christine Lagarde (diretora do FMI) ou Dilma Roussef (presidente do Brasil). Até mesmo em culturas mais resistentes à atuação feminina, como a do Afeganistão, elas ganham destaque. O país tem como vice-presidente do Parlamento a líder Fawzia Koofi, que já planeja disputar a presidência do país nas eleições de 2014.

Nos negócios, o cenário também não é diferente. No Brasil, mulheres estão à frente de grandes empresas como Petrobras (Graça Foster), GM Brasil (Grace Lieblein), Magazine Luiza (Luiza Trajano) e GE (Adriana Machado). E o destaque da atuação feminina em cargos de direção e comando no Brasil tem respaldo em estatísticas. De acordo com dados de uma pesquisa realizada pela Michael Page, a presença de mulheres nas funções de liderança cresceu em 2011, passando de 4% em 2010 para 8%, motivada, principalmente, pelas áreas de Finanças e Vendas e Marketing.

Em relação aos pequenos e micronegócios, a quantidade de mulheres liderando esses empreendimentos no país é quase igual ao número de homens nessa função, segundo relatório do Global Entrepeneurship Monitor (GEM) de 2010. Dos 21,1 milhões de empreendedores que conduzem negócios com menos de um ano e meio de existência, 49,3% são mulheres, o que representa 10,4 milhões de pessoas. As informações representam um aumento em relação a 2002, ano em que elas representavam 42,4% dos empreendedores.

De olho no presente (e no futuro)

A partir dos dados acima é possível constatar que as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no mercado e obtendo reconhecimento de sua competência, provando que seu desempenho nos negócios pode ser tão bom ou melhor que a atuação masculina. E até as questões socioambientais estão em pauta. “Tive coragem de fazer uma empresa, um ramo novo na época, sem apoio financeiro. Suportei por bastante tempo até conseguir resultados, assumindo uma série de riscos”, conta a empresária Sibylle Muller.
SibylleMullerdivulgacao640

Sibylle Muller (Foto: divulgação)
Formada e com Mestrado em Engenharia Civil, Sibylle trabalhava para uma empresa alemã na área de meio ambiente e começou a viajar para a Alemanha com suporte da companhia para a realização de um projeto ambiental. Lá se aperfeiçoou em tecnologias de solo, água e ar e decidiu, aos 41 anos, fundar o seu próprio negócio no Brasil: a Acquabrasilis. A empresa - que é especializada em reuso e potabilização da água, captação pluvial e tratamento do recurso para fins não potáveis - atualmente conta com 240 projetos realizados, além de 91 sistemas que aproveitam a água e tratam efluentes instalados em todo o país. Entre seus parceiros estão grandes construtoras como Odebrecht, Tecnisa, Gafisa e Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário.

Já Maronita Antunes buscou, através do empreendedorismo, alterar positivamente a situação dos moradores de sua localidade. Diante da difícil condição de vida da maioria dos produtores de açafrão do município de Mara Rosa (GO), a diretora escolar e também cultivadora da especiaria resolveu agir para ajudar os agricultores. A partir daí, ao começar a participar da Cooperativa dos Produtores de Açafrão de Mara Rosa e região (Cooperaçafrão), ela iniciou ao lado dos outros cooperados a organização do trabalho da colheita, que se tornou mais eficiente com a ajuda de todos.
MaronitaAntunesFotoBernardo RebelloASN640
Maronita Antunes (Foto: Bernardo Rebello / ASN)

“Foi visível a melhoria de vida dos produtores, que cresceram socialmente e economicamente”, afirmou Maronita. A ação, que também promoveu a conscientização sobre o respeito à legislação, permitiu que crianças e jovens, que tradicionalmente deixavam a escola para ajudar a colher a safra, não precisassem mais abandonar as salas de aula. A iniciativa de Maronita Antunes, hoje à frente da Cooperaçafrão, teve reconhecimento nacional, com a entrega do troféu de prata do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2012 na categoria Negócios Coletivos para a produtora.

Uma nova porta

Algumas vezes para se alcançar objetivos é preciso coragem para mudar de carreira. E uma empresária que não teve medo de mudanças foi Louzier Lessa. Tudo começou em 1989, quando ela começou a fazer doces para complementar seu salário de funcionária dos Correios de Cordeiro (RJ). Vendendo inicialmente doces simples, a empresária começou a investir na confecção de doces mais sofisticados e passou a se dedicar exclusivamente ao seu negócio.
LouzierLessa640
Louzier Lessa (Foto: divulgação)

Fez tanto sucesso que hoje o empreendimento conta com 70 pessoas e escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo. O faturamento, em 2011, foi de R$ 1,2 milhões e a perspectiva é de um aumento de 20% para esse ano. Para tanto sucesso, a empresária dá a receita: “eu não queria fazer um simples doce, que todo mundo faz. É preciso que a qualidade do produto seja extraordinária, tanto no sabor quanto na aparência. Além disso, tudo o que a gente faz, tem que ser feito com amor. Essa é a diferença, pois quando os clientes veem o produto, ficam encantados”, afirma.

Quem também seguiu os ventos da mudança foi Regina Jordão. Paralelamente ao trabalho de secretária numa empresa estatal, ela participou de cursos em uma área com a qual já se identificava, a estética. Após o término do treinamento, começou a trabalhar com um médico em São Paulo, mas morava no Rio de Janeiro e foi daí que surgiu a ideia de criar uma empresa no setor estético, mais especificamente no ramo da depilação. “Comecei a perceber que este mercado era carente de profissionais e de um ambiente exclusivo, pois com meu horário muito reduzido (tendo que vir para o RJ todo final de semana), não conseguia colocar minha depilação em dia e muito menos encontrar bons profissionais”, afirma.
ReginaJordao640
Regina Jordão (Foto: divulgação)

Assim, Regina Jordão deixou o emprego de secretária e fundou em 1996 o Instituto de Depilação Pello Menos, no Rio de Janeiro. Hoje o empreendimento é uma rede com 42 lojas no Rio de Janeiro e em São Paulo, com 450 mil clientes cadastrados e uma média anual de faturamento de R$ 70 milhões.

Nenhum comentário: