Período
inclui emissão do documento, transferência e pedido de seção especial. Mudanças
são gratuitas; população trans não precisa 'provar' nome social.
leitores
de todo o país têm até quarta-feira (9) para solicitar alterações no título e
no local de votação a tempo das eleições de 2018. O primeiro turno acontece em
7 de outubro e o segundo turno, se houver, no dia 28 do mesmo mês.
O
prazo desta semana vale para tirar o primeiro título, transferir o local de
votação e solicitar atendimento especial, por exemplo (veja guia completo
abaixo). No Distrito Federal, os cartórios estarão abertos nos dias 7, 8 e 9,
das 8h às 18h.
Quem
precisa só tirar a segunda via do título de eleitor não deve procurar os
cartórios nesse período, para evitar filas. A reimpressão do documento pode ser
feita a qualquer tempo. O pedido de voto em trânsito também tem prazo
diferente: 17 de julho a 23 de agosto.
As
eleições de 2018 incluem uma atualização importante para a população de
transexuais e travestis. Até a próxima quarta, é possível pedir que o nome de
registro seja substituído no título pelo nome social.
Nome social
A troca
foi autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em março, quando
também foi decidido que candidatos trans podem usar o nome social nas urnas.
Segundo a Justiça Eleitoral, mesários serão orientados sobre a novidade para evitar
qualquer constrangimento.
No
fim de abril, o funcionário do Banco do Brasil Theo Linero, de 29 anos, foi a
um cartório eleitoral do Cruzeiro para pedir a mudança. Ao G1, ele disse
ter se surpreendido com a facilidade da alteração.
"Quando
falei que queria fazer a alteração, ela [a atendente] já passou a me chamar
pelo nome social, não fez perguntas. Recadastrou e imprimiu."
Para
pedir a mudança, basta apresentar documento com foto e comprovante de
residência recente. Quem não tem cadastro biométrico atualizado pode aproveitar
para incluir as impressões digitais no sistema.
Após
a mudança, o título de eleitor exibe apenas o nome social, sem o histórico do
nome de registro. No momento da votação, o mesário ainda terá as duas
informações para "verificação".
"Achei
mais respeitoso, porque em alguns documentos, o nome de registro aparece junto.
Eu não tenho problema com isso, mas muitas pessoas trans não querem ter contato
com o nome antigo", diz Theo.
"A
gente não está numa sociedade preparada para lidar com a pessoa trans. Quando
você mostra um documento com dois nomes, aquilo vira motivo de chacota, de
piada."
Questão de cidadania
O
nome social chegou à Justiça Eleitoral com certo atraso – no Executivo federal,
por exemplo, há decreto sobre o tema em 2016. Mesmo assim, em muitos casos, a
adoção do nome adequado ao gênero ainda é motivo de transtorno.
"No
trabalho, eu uso o nome social no crachá, mas em alguns sistemas eletrônicos
não deu pra mudar. Aí, gera confusão nas pessoas, eu tenho que explicar o que é
trans, por que há dois nomes", diz Theo.
Mesmo
a mudança em documentos oficiais, como a carteira de identidade, ainda esbarra
na burocracia. Para deixar o nome feminino no passado, Theo teve de entrar na
Justiça e apresentar comprovação de que já usava o nome social no dia a dia.
"Comecei
a transição no fim de 2016, e entrei na Justiça em maio de 2017. Fez um ano
agora, e ainda não saiu a sentença. Sou de Curitiba e, lá, muitos cartórios
ainda não fazem a mudança da certidão sem mandado judicial."
Algumas
instâncias já adotam procedimentos mais "avançados" no atendimento a
pessoas trans. O nome
social pode ser usado em avaliações do Ministério da Educação, como Enem e
Revalida, e incluído no CPF (junto com o nome civil) em qualquer agência da
Receita Federal.
Guia rápido
Para
auxiliar os eleitores, o G1 preparou um guia rápido sobre as
alterações possíveis na Justiça Eleitoral, para o pleito de 2018. Confira:
1) O prazo até esta quarta-feira (9) vale para quais pedidos?
Emitir
o primeiro título (facultativo a partir dos 16 anos, e obrigatório a partir dos
18);
Alterar
local de votação, dentro do DF, em razão de mudança de endereço;
Ttransferir
domicílio eleitoral, para residentes no DF que têm título de eleitor emitido em
outra unidade da Federação;
Solicitar
Seção Especial de votação em razão de alguma restrição física;
Registrar
o nome social (tanto para títulos novos, quanto para quem já tem o documento).
2) É preciso pagar? Quais documentos devem ser apresentados?
Segundo
o Tribunal Regional Eleitoral do DF, todas as mudanças são gratuitas. Para
solicitar qualquer uma, é preciso mostrar documento oficial com foto e
comprovante de residência.
3) E o voto em trânsito? E para tirar segunda via?
Nestes
casos, a Justiça Eleitoral pede que os interessados aguardem o fim do prazo
atual para ir aos cartórios. Isso porque a segunda via, por exemplo, pode ser
solicitada a qualquer tempo, sem necessidade de disputar as filas atuais.
O
voto em trânsito é a possibilidade de votar fora do domicílio eleitoral por
alguma eventualidade, sem precisar transferir o título "de vez". Para
isso, o prazo vai de 17 de julho a 23 de agosto.
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