Governo vai incluir espécie de 'poupança' do trabalhador
para a aposentadoria na proposta de reforma que será enviada ao Congresso; veja
a diferença entre os modelos.
Por
Taís Laporta e Darlan Alvarenga, G1
O
governo vai incluir o modelo de capitalização na proposta de reforma da
Previdência que será enviada ao Congresso em fevereiro, informou nesta
terça-feira (9) o ministro da Economia, Paulo Guedes.
A
capitalização é uma espécie de poupança que o trabalhador faz para garantir a
aposentadoria no futuro, na qual o dinheiro é investido individualmente, ou
seja, não 'se mistura' com o dos demais trabalhadores. O modelo atual é o de
repartição, no qual quem contribui paga os benefícios de quem já está
aposentado.
A
ideia é que a capitalização substitua gradualmente o atual sistema. Essa
migração foi proposta
no plano de governo de Bolsonaro durante a campanha eleitoral.
Para
Guedes, o atual modelo de repartição é insustentável, devido ao envelhecimento
da população brasileira. O Brasil passa por uma transição demográfica, em que o
número de idosos que dependem de trabalhadores ativos vem aumentando ano a ano.
Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a relação de
dependência no Brasil vai saltar dos 11% atuais para 36% até 2050. Ou seja,
para cada 100 adultos aptos a contribuir, o país terá 36 idosos para sustentar.
Hoje,
o valor mínimo pago aos aposentados é de um salário mínimo, que foi fixado em 2019
em R$ 998. O teto do INSS para os benefícios foi de R$ 5.645,80.
Segundo
Paulo Tafner, autor de uma das propostas de reforma enviadas à equipe de
Guedes, o regime de capitalização precisa ser implantado aos poucos, para
evitar a perda de receitas na transição de um modelo para outro.
Isso
porque, caso a capitalização seja implantada de forma imediata, os aposentados
deixariam de contar com a contribuição dos trabalhadores na ativa, elevando o
déficit da Previdência.
Exemplo chileno
O
modelo de repartição já existe em alguns países, como o Chile, que reformou
sua Previdência na década de 1980. Lá, cada trabalhador faz a própria poupança
em uma conta individual e não existe um fundo coletivo para isso.
Hoje,
todos os trabalhadores chilenos são obrigados a depositar no mínimo 10% do
salário por 20 anos para se aposentar. Os empregadores e o governo não fazem
contribuições.
Este
dinheiro é administrado por empresas que investem a "poupança" no
mercado financeiro. No entanto, o sistema tem recebido duras críticas devido ao
baixo valor das aposentadorias, que está abaixo do salário mínimo chileno.
Segundo
o professor de finanças do Coppead/UFRJ, Carlos Heitor Campani, o Chile
conseguiu fazer esta transição de modelo previdenciário, mas hoje ele paga uma
conta e tem características diferentes do Brasil, por ser um país muito menor.
"Medidas
mais drásticas de mudança para o regime de capitalização eram mais fáceis de
passar no sistema político [daquela época], já aqui no Brasil encontraríamos
bem mais dificuldades", avalia.
VAMOS ENTENDER:
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