Sucessor do Ozempic, o Mounjaro se tornou a nova febre para emagrecimento, prometendo resultados ainda mais significativos na perda de peso. Nas farmácias brasileiras desde maio, o medicamento à base de tirzepatida é usado para tratar obesidade e diabetes tipo 2.
Mas há também
o uso contraindicado, o estético, para emagrecer alguns quilos e entre
pacientes não obesos, especialmente "ricos e poderosos". É esse uso
que impulsiona um mercado ilegal e levanta sérias preocupações.
O podcast UOL
Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, traz detalhes da apuração da
repórter Camila Brandalise sobre o Mounjaro, com os bastidores da nova corrida
para perda de peso e os impactos sociais que a nova febre do emagrecimento
—estimulada pelas canetas emagrecedoras pode trazer.
"Socialmente
falando, a longo prazo, vejo esses remédios como uma catástrofe", afirma
Camila.
"As
pessoas estão usando sem acompanhamento médico, para perder uns quilinhos. A
gente já não lida bem com comida, com imagem corporal. Então, o que pode
acontecer é haver mais problemas relacionados a transtornos alimentares”.
A substância
ativa do Mounjaro, a tirzepatida, imita a ação de dois hormônios (GIP e GLP1),
o que a diferencia do Ozempic (que imita apenas GLP1), potencializando seus
efeitos no controle da insulina, saciedade e metabolização de gordura.
A eficácia
para perda de peso é notavelmente superior.
"Para
você ter uma ideia, a média de perda de peso, 22%, chega perto do resultado de
uma cirurgia bariátrica, que é 25%", diz Camila, ilustrando a potência do
medicamento.
O alto custo
do Mounjaro, que pode chegar a R$ 2.200 por mês, torna o tratamento a longo
prazo inviável para a maioria da população.
A repórter
afirma que quem consegue pagar é "quem pode", e não necessariamente
"quem precisa”.
Essa barreira
econômica gera uma desigualdade no acesso ao tratamento da obesidade, uma
doença séria que afeta uma parcela considerável de pessoas nas classes mais
baixas.
Mesmo antes de
chegar ao Brasil, o remédio já tinha uma demanda alta, o que impulsionou um
perigoso mercado de contrabando. Esse mercado deve continuar mesmo com o
Mounjaro por aqui.
Os riscos são
altos, incluindo produtos falsificados, sem a refrigeração necessária ou até
canetas vendidas por dose única.
Paralelamente,
surgiu o "Mounjaro de pobre" nas redes sociais, um produto que não
contém tirzepatida, mas sim fibra (como psyllium) encapsulada e vendida a baixo
custo.
"Não é
Mounjaro, não é tirzepatida, não é nada. É fibra que as pessoas estão
encapsulando e vendendo com esse nome.
O uso do
Mounjaro requer acompanhamento médico e multidisciplinar.
Os efeitos
colaterais (náuseas, desconfortos gastrointestinais) podem ser intensos, e a
interrupção sem controle resulta em rápido reganho de peso, alterando a
composição corporal.
Mais
importante ainda, ressalta Camila, é o fato de não haver estudos para pessoas
que não são obesas, indicando a falta de base científica para o uso estético.
As
consequências do uso inadequado podem incluir problemas psicológicos
relacionados a peso e alimentação.
Para tentar
controlar o acesso e coibir o uso indiscriminado para fins estéticos, a Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou que, a partir de 23 de
junho, as farmácias deverão reter a receita médica de todas as canetas
emagrecedoras disponíveis no mercado.
Por enquanto,
os remédios podem ser comprados apenas apresentando a receita. Mas o órgão
votou por mudar essa regra.
"E quando
decidiu isso deixou bem claro: é porque as pessoas estão usando
indiscriminadamente para uso estético", explica a repórter.
FONTE: UOL
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