quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Oposição e centrão articulam para blindar super-ricos e inviabilizar isenção de IR para assalariados

O governo defende que a desoneração para 20 milhões de brasileiros seja financiada pela taxação de aproximadamente 141 mil contribuintes de alta renda.


Uma manobra política articulada por partidos de direita e centrão ameaça enterrar a proposta de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil. A estratégia, revelada em discussões no Congresso, busca eliminar a compensação financeira que taxaria os mais ricos, inviabilizando economicamente a medida e protegendo os privilégios de uma minoria no topo da pirâmide.

O governo defende que a desoneração para 20 milhões de brasileiros seja financiada pela taxação de aproximadamente 141 mil contribuintes de alta renda. No entanto, legendas como PP, União Brasil e PL atuam abertamente para retirar o mecanismo de compensação, alegando que “já há muitos impostos no país”. Argumento que, na prática, defende a manutenção de benefícios fiscais para os mais abastados.

Segundo relatos de parlamentares e assessores envolvidos na negociação, a pressão contra a taxação de super-ricos é intensa. Um exemplo emblemático ocorreu em abril, quando o senador Ciro Nogueira (PP-PI), em evento fechado com investidores no BTG Pactual, evitou comprometer-se com a tributação progressiva, limitando-se a dizer que era preciso “ver a questão da compensação”. Na ocasião, representantes do mercado manifestaram desconforto com qualquer proposta de taxação maior sobre suas rendas.

A resistência em tributar os mais ricos coloca em risco a própria viabilidade da isenção. Sem a compensação, a medida se transformaria em renúncia fiscal, exigindo cortes orçamentários em áreas sociais ou inviabilizando a proposta por falta de recursos. O movimento revela a prioridade de certos setores políticos: proteger os interesses de uma elite econômica em detrimento do alívio tributário para milhões de trabalhadores.

A disputa agora se desloca para o plenário, onde governo e oposição travam uma batalha pelo rumo da política tributária. Enquanto isso, movimentos sociais e partidos progressistas preparam-se para pressionar por uma votação que una a isenção dos mais pobres à taxação dos super-ricos, um duelo que expõe as fractures sociais e econômicas do país.

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