O governo defende que a desoneração para 20 milhões de brasileiros seja financiada pela taxação de aproximadamente 141 mil contribuintes de alta renda.
Uma manobra política articulada por partidos de direita e
centrão ameaça enterrar a proposta de isenção do Imposto de Renda para
trabalhadores que ganham até R$ 5 mil. A estratégia, revelada em discussões no
Congresso, busca eliminar a compensação financeira que taxaria os mais ricos,
inviabilizando economicamente a medida e protegendo os privilégios de uma
minoria no topo da pirâmide.
O governo defende que a desoneração para 20 milhões de
brasileiros seja financiada pela taxação de aproximadamente 141 mil
contribuintes de alta renda. No entanto, legendas como PP, União Brasil e PL
atuam abertamente para retirar o mecanismo de compensação, alegando que “já há
muitos impostos no país”. Argumento que, na prática, defende a manutenção de
benefícios fiscais para os mais abastados.
Segundo relatos de parlamentares e assessores envolvidos na
negociação, a pressão contra a taxação de super-ricos é intensa. Um exemplo
emblemático ocorreu em abril, quando o senador Ciro Nogueira (PP-PI), em evento
fechado com investidores no BTG Pactual, evitou comprometer-se com a tributação
progressiva, limitando-se a dizer que era preciso “ver a questão da
compensação”. Na ocasião, representantes do mercado manifestaram desconforto
com qualquer proposta de taxação maior sobre suas rendas.
A resistência em tributar os mais ricos coloca em risco a
própria viabilidade da isenção. Sem a compensação, a medida se transformaria em
renúncia fiscal, exigindo cortes orçamentários em áreas sociais ou
inviabilizando a proposta por falta de recursos. O movimento revela a
prioridade de certos setores políticos: proteger os interesses de uma elite
econômica em detrimento do alívio tributário para milhões de trabalhadores.
A disputa agora se desloca para o plenário, onde governo e
oposição travam uma batalha pelo rumo da política tributária. Enquanto isso,
movimentos sociais e partidos progressistas preparam-se para pressionar por uma
votação que una a isenção dos mais pobres à taxação dos super-ricos, um duelo
que expõe as fractures sociais e econômicas do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário