quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Rio e governo federal anunciam força integrada após ação que matou 121

 

Eduardo Anizelli/Folhapres



Carolina Juliano

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, se reuniram ontem para conversar sobre a operação policial realizada pela polícia do estado que deixou 121 mortos. Os dois anunciaram a criação de um 'escritório emergencial de enfrentamento ao crime organizado', que será coordenado pelo secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, e pelo secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo. O objetivo, segundo Castro, é que as ações entre o governo estadual e o federal sejam 100% integradas para agilizar processos entre as duas esferas. Lewandowski chamou o escritório de "embrião" do que se quer criar com a PEC da Segurança Pública e disse que haverá investimentos de recursos materiais e humanos para que ele funcione. Saiba mais.

Moradores recuperam corpos e ação no Rio é a mais letal da história. Moradores dos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, recuperaram cerca de 70 corpos na mata que liga os dois morros um dia após a operação policial para desarticular núcleos do Comando Vermelho. Até o fim do dia de ontem, o número de vítimas era de 121. A quantidade de mortes fez com que a ação se tornasse a mais letal já registrada no Brasil, passando o total de vítimas do massacre do Carandiru, em São Paulo, que deixou 111 presos mortos em 1992, quando tropas da Polícia Militar paulista invadiram a extinta Casa de Detenção.

A Polícia Civil abriu inquérito para apurar quem comandou a remoção dos corpos e o secretário de Segurança Pública do Rio, Felipe Curi, disse que as pessoas envolvidas serão investigadas por fraude processual, já que teriam, segundo ele, retirado roupas camufladas das vítimas antes da chegada das autoridades. O secretário não explicou, no entanto, por qual motivo os corpos permaneceram no mato durante a noite e só foram retirados após exposição em praça pública.

 

Governador do RJ diz que operação foi 'um sucesso'. Cláudio Castro defendeu mais uma vez a Operação Contenção e afirmou que somente os quatro policiais mortos em confrontos são considerados vítimas. Durante entrevista coletiva na manhã de ontem, ele afirmou que foi um dia histórico para o Rio de Janeiro e que a operação foi "um duro golpe" na criminalidade. Castro disse ainda que a operação foi planejada para ocorrer em local longe de edificações e, por isso, o governo está seguro de que a grande maioria dos mortos está ligada ao tráfico de drogas.

O ministro do STF Alexandre de Moraes pediu explicações do governador e deu prazo até a próxima segunda-feira para que ele detalhe a operação. Moraes entregou a Castro uma lista com 18 perguntas que devem ser respondidas pelo governador e sua equipe em uma audiência marcada para às 11h. Entre os questionamentos do ministro estão: o número oficial de mortos e feridos, o relatório circunstanciado sobre a operação, as providências adotadas para assistência às vítimas e suas famílias e a utilização de câmeras corporais pelos agentes.

Cúpula do CV é transferida para cadeia de segurança máxima. Dez criminosos da cúpula do Comando Vermelho, que estavam presos em Bangu 3foram transferidos provisoriamente para Bangu 1, a penitenciária de segurança máxima do estado. O governador do Rio, Cláudio Castro, solicitou que os detentos sejam transferidos para diferentes presídios federais, mas é preciso aguardar os trâmites. O objetivo é dificultar a comunicação entre os líderes da facção e a equipe de segurança pública do Rio espera que, com isso, a estrutura do CV dentro do sistema prisional seja enfraquecida. O secretário de Políticas Penais do Ministério de Justiça disse as transferências serão realizadas o mais rápido possível e que a pasta adotou todas as providências para acelerar o processo.


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