quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Arthurzito faz o L de Lul... digo, de Lira

 

Arte: Marcelo Chello

Enquanto Huguito e Davi ficam por aí de mal com o governo, cortando relações com os líderes do PT, aborrecidos, chateados, cheios de pautas-bomba, Arthurzito Lira vai ao Planalto para festejar a lei do imposto de renda e ainda fala em quarto mandato. Sim, darling, quarto mandato de Lula. E vamos combinar que, ao sancionar a lei que reduz o imposto de renda para os mais pobres e aumenta a cobrança para os mais ricos, o Lula está a cada dia mais próximo desse novo mandato.

A treta é a seguinte: Davi Alcolumbre, a estrela mor do Senado, e Huguito Motta, que manda (pero no mucho) na Câmara frigorífica, estão tretando com o governo. Todo mundo diz que Davi não gostou da indicação de Messias para o Supremo, mas os operadores da política continuam me soprando aqui que isso daí tem a ver com o caso Banco Master, que complicou os aliados de Alcolumbre no Amapá. Já Huguito vem tretando faz tempo, e ele mesmo azedou a relação quando nomeou o Derrite, secretário de Segurança Pública de Tarcísio, para ser o relator do projeto de lei Antifacção que tinha sido enviado ao Congresso pelo governo Lula. Derrite foi lá e mudou tudo. E eles aprovaram mesmo assim.\

Mas hoje era dia de o Lula comemorar uma promessa de campanha. Lira, que foi relator do projeto de redução do IR na Câmara, não se fez de rogado, correu para a foto e fez o L de Lul... digo, de Lira. Claro, ele será candidato a senador. Que candidato a senador não quer ser o dono do projeto mais pop da eleição: imposto para ricos e isenção para pobres? E, na mesma cerimônia, seu maior adversário, Renan Calheiros, também estava na foto, já que Renanzito foi o relator do projeto no Senado.

Lira foi fazer seu próprio L, mas não é que acabou fazendo um L de Lula também? Durante o evento, o deputado mor do Congresso falou de um quarto mandato para o presidente, quando sinalizou que, num próximo governo, seria possível discutir isenção de imposto de renda para PLR (participação nos lucros).

“A gente conversava com Moisés (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) e colocava a necessidade e justeza da isenção da PLR. Mas o tamanho do problema, do impacto, a gente teria que trabalhar, presidente Lula, com mais calma — talvez até num próximo mandato que Vossa Excelência possa concorrer.”

Foi Lula quem puxou esse assunto no evento e ainda falou da redução de jornada de trabalho. Ou seja, enquanto cumpria uma promessa de campanha, Lula já fazia duas outras promessas de campanha.

Detalhe sórdido: nem Huguito nem Alcolumbre foram ao evento no Planalto. Mas foram muito falados. Haddad, o Fernandinho Cabelo, chegou a mandar essa quando discursou e os citou:

“O Brasil precisa muito deles.”

Te cuida, BRASEW.

O caso Messias

Davi Alcolumbre quer acelerar a sabatina de Jorge Messias, indicado por Lula ao cargo de ministro supremo. Ele quer que o processo ocorra dia 10. Mas o prazo pode ser meio apertado para que Messias consiga os votos de que precisa, e o governo queria que a sabatina fosse feita só na semana que vem. Agora, o governo está dizendo que não enviou ainda todos os documentos para o Senado, confirmando a indicação de Messias. Será que cola? Vai depender do tamanho da tromba de Alcolumbre.

Mas a notícia é de que a estrela mor do Senado vai visitar o Lula em breve. Daí eles se acertam. Nada que o Lula não resolva com uma Foz do Amazonas na manga.
E adivinha quem anda fazendo campanha para o Messias? Os dois indicados ao Supremo pelo Bolsonaro. Vai ver erraram o Messias, Tixa! Num é?

A treta ambiental

O governo Lula emitiu uma nota hoje defendendo a manutenção de 63 vetos para a nova lei de licenciamento ambiental. Os vetos devem ser analisados muito em breve pelo Congresso. Mais uma treta com o governo.

A nota diz que o governo fez os vetos em função do cenário preocupante de desastres climáticos extremos, que impõem riscos às famílias, à economia e ao meio ambiente. (Eu, se fosse o Congresso, dava uma consultada no que o povo pensa sobre esse assunto. Vai descobrir que é exatamente isso que o eleitor está pensando: que os desastres climáticos estão entre nós.)

E o governo Lula já deu o tom do argumento que vai usar: desastre de Mariana e Brumadinho e as catástrofes do Paraná e Rio Grande do Sul por conta das chuvas. São bons argumentos. Cuidado, Congresso!

Nosso ex

Bolsonaro segue preso na Polícia Federal e, hoje, foi dia de Dudu Bolsonaro (o filho 03) tentar fazer Bolsonaro voltar à pauta. Ele deu pelo menos duas entrevistas: uma para o UOL e outra para o Estadão. Falou, falou, falou, e o que se depreende de tudo o que ele disse é o seguinte:

Ninguém sabe quem vai falar por Bolsonaro daqui para frente (pelo visto, todo mundo e ninguém).

Ele diz estar alinhado a Flavitcho, defende que ele seja candidato, mas, no minuto seguinte, já critica o Flavitcho por ter se abraçado com Tarcísio.

O Sóstenes, ontem, que é o líder do PL (partido deles) na Câmara, tinha dito que o Bolsonaro disse que não queria nenhum sobrenome Bolsonaro na cabeça de chapa. (Temos que admitir que Dudu tem razão quando diz que não se sabe quem vai falar por Bolsonaro.)

Sobre o fato de ninguém ter ido para a rua por conta da prisão, ele diz que é porque ninguém convocou e que todo mundo tem medo de ser preso. Claro, claro. Vale dizer que nenhuma multidão foi para a rua quando Lula foi preso, só a galerinha que cabe na frente do sindicato do ABC.

E o Vorcaro?

O banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master e que foi liquidado pelo Banco Central, tá parecendo uma OAB, de tanto advogado que contratou para tentar livrá-lo da cadeia (sabe como é, cada um dos quatro escritórios contratados tem sua influência com determinados juízes). Mas a melhor parte foi esse monte de advogado escrevendo que Vorcaro não pode ficar na prisão por risco de morte. E por quê? Porque na prisão só tem gente perigosa. Ah, vá! Alguém lembra se Andrezito Esteves também fez esse tipo de alegação quando foi parar em Bangu? Ou o Joesley e o Wesley?

Eu acho que todos eles deveriam financiar ONGs por melhores condições nas prisões brasileiras.

E o Vorcaro deveria pedir para alguém comprar um pãozinho doce na padaria da esquina, porque a vida dele não tá fácil.

Chega, BRASEW. Amanhã tem mais.


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