A política entrou em modo trepidação. O lançamento de Flávio Bolsonaro como pré-candidato expôs rachaduras na direita, mexeu com o centrão e deixou a Faria Lima sem seu nome preferido. Em paralelo, o STF é alvo de uma ofensiva articulada, e o noticiário traz à tona conflitos em torno da segurança pública, da violência contra mulheres e da corrida pela inteligência artificial. O lance do clã: congelar Tarcísio e testar o terreno Daniela Lima descreve o impacto imediato do gesto de Jair Bolsonaro: o centro rachou, a Bolsa derreteu e governadores como Caiado e Ratinho Jr viram o tabuleiro se abrir. Para ela, mais que lançar Flávio, Bolsonaro tenta travar Michelle e empurrar Tarcísio para dentro da própria sombra. Marco Antonio Sabino reforça: não há genialidade estratégica ali, mas instinto de sobrevivência — Bolsonaro quer saber quem pode livrá-lo das consequências judiciais. E Flávio, ainda que mais palatável que o pai, não une a direita nem entrega musculatura eleitoral. O PL resiste; o centrão fareja o candidato viável, não o herdeiro biológico. Leonardo Sakamoto amplia o diagnóstico: a jogada tira Tarcísio de órbita, mas deixa o governador exposto. Ele mimetizou o bolsonarismo para herdar o espólio, atacou instituições e prometeu indulto, mas o núcleo radical não confia nele. Com o clã preservando o poder interno, Tarcísio fica suspenso entre a reeleição garantida e a incerteza de um padrinho imprevisível. Letícia Casado lembra que Flávio carrega uma bagagem que voltará à tona: rachadinhas, imóveis, loja de chocolates, ligações com Adriano da Nóbrega. Nada disso virou condenação, mas tudo serve de munição numa campanha que ainda nem começou. Outro flanco: bombas-relógio no Senado Enquanto o bolsonarismo arma sua batalha interna, Josias de Souza mostra Davi Alcolumbre às voltas com seus próprios fantasmas. As relações com Beto Louco, o escândalo Master e as suspeitas sobre sonegação de combustíveis compõem um dossiê tóxico que respinga em Brasília inteira. Para Josias, cada novo áudio é mais combustível num incêndio que já não se controla. Reinaldo Azevedo desloca a lente: a crise que importa é a ofensiva organizada para desgastar o STF. Sua leitura é de que a liminar de Gilmar Mendes, ao elevar de 21 para 54 o número de senadores necessários para abrir um impeachment contra ministros, não blinda ninguém — apenas tenta impedir que o tribunal seja capturado por uma maioria radical em 2026. Para ele, há uma "campanha já em curso" contra o Supremo, e parte da imprensa reincide no erro da Lava Jato ao alimentar teses que fragilizam instituições. Segurança pública como eixo eleitoral e como armadilha Alexandre Borges destaca que o PT repete a lógica de 2022, tentando fabricar credencial onde não a possui: primeiro, Bolsonaro gastou bilhões para se reinventar como pai dos pobres; agora, Lula tenta assumir o protagonismo no combate ao crime organizado. Mas, segundo ele, os dados de opinião e de violência — especialmente no Nordeste — alimentam a percepção de que a direita seria mais eficaz no tema. Na leitura do colunista, a fantasia progressista sobre segurança não resiste ao choque com a vida real nas favelas. Fora do Planalto: misoginia, violência e educação dos meninos Maria Ribeiro traz uma ruptura necessária na narrativa do dia: o problema não está apenas no topo. Ela relata um "clube masculinista" de adolescentes que objetificam colegas, um sintoma precoce do ambiente que produz femicídios — e que exige outra pedagogia, dentro e fora de casa. Seu texto é um lembrete de que desigualdade de gênero e violência não se resolvem com leis apenas, mas com um projeto civilizatório. A política no camarote Thaís Bilenky registra a geopolítica das arquibancadas: Toffoli e Cláudio Castro confraternizando em Lima, o presidente da Câmara perfilado com camisa de time — imagens que revelam um poder confortável com sua própria informalidade. O detalhe vale como retrato de época: entre goles e selfies, temas explosivos do país se movimentam nos bastidores. Outra disputa de poder: IA, chips e trilhões de dólares Diogo Cortiz desloca o foco para o front tecnológico. Google e OpenAI vivem um duelo que lembra corrida armamentista: "código vermelho" de um lado, explosão de usuários do outro. O cerne, porém, é econômico: IA virou infraestrutura pesada, energética e caríssima — um jogo que exige fôlego de países, não apenas de startups. A pergunta que atravessará 2026 é quem terá dinheiro e escala para liderar o próximo ciclo. |
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