segunda-feira, 22 de junho de 2015

Eita, se essa onda pega!!! Vereadores de Parauapebas são presos por corrupção

Na cidade de Açailândia vários vereadores foram denunciados ao MP em maio do ano passado de receberem propina para aprovação de Projeto de Lei que isenta ou diminuiu a carga de impostos de uma Aciaria instalada no Município. O Ministério Público de Açailândia investiga o caso, no entanto, nenhuma resposta ainda foi dada à sociedade.

Ah, se essa onda pega aqui pelas bandas da cidade do ferro…

 

Matéria do Fantástico

“O valor que o vereador ganha aqui, se ele não for corrupto, ele, não tenha nenhuma dúvida, que ele mal se sustenta durante o ano”, diz o vereador Odilon Rocha de Sanção.

Você faria o quê, se ouvisse um vereador da sua cidade defender a corrupção, e um outro vereador ofender professores? Isso aconteceu e foi em um dos municípios mais ricos do Pará.

O ônibus escolar viaja perigosamente superlotado, em Parauapebas, no Sul do Pará, um dos inúmeros municípios brasileiros que sofrem com o mau uso do dinheiro público.

Em Parauapebas, parte desses desmandos pode ser entendida se a gente acompanhar uma sessão da Câmara de Vereadores da cidade.

Ouça o que dizem os dois vereadores.

“O valor que o vereador ganha aqui, se ele não for corrupto, ele, não tenha nenhuma dúvida, que ele mal se sustenta durante o ano”, diz o vereador Odilon Rocha de Sanção.

“Pode rasgar a boca, o que quiser aí, que eu tô c**** e andando”, diz o vereador Major da Mactra.

Odilon Rocha de Sanção, do Partido Solidariedade é o vereador que ficou famoso no Brasil inteiro pela sinceridade: “Se ele não for corrupto”. Odilon é acusado de ser um dos principais operadores de um esquema de corrupção investigado pelo Ministério Público do Pará. Outros políticos da cidade também são suspeitos.

O supermercado Baratão está no centro do esquema de corrupção. Segundo a investigação do Ministério Público, a Câmara de Vereadores de Parauapebas fez contratos fraudulentos com o Baratão, para fornecimento de gêneros alimentícios. Mas, de barato, os contratos não tinham nada. O que chamou a atenção dos investigadores foi a quantidade de comida que deveria ser fornecida para o lanche dos vereadores.

A Câmara tem 15 vereadores e apenas uma sessão por semana. Parece que, quando se encontram, eles estão sempre muito famintos. Em apenas um mês o Baratão teria fornecido 27 quilos de presunto, outros 27 quilos de queijo e uma tonelada de café. Isso mesmo, mil quilos.

Em uma conversa, gravada com autorização judicial, explica o tamanho do apetite. Falam ao telefone Edmar Cavalcante de Oliveira, o dono do Baratão, e um homem, não identificado, que faz parte do esquema.

Homem: Eu estou olhando que as notas que tu mandou aqui, vamos precisar dá uma mexida nesse trem aqui, bicho. Botou aqui 9.494 de requeijão.
Edmar Cavalcante de Oliveira: Está na nota fiscal?
Homem: Está R$ 30 mil só de requeijão.

A diferença entre o que a Câmara realmente gastava e o que ela dizia que gastava ia direto para o bolso dos vereadores, de acordo com o Ministério Público. O dono do Baratão, que emitia as notas frias, fez acordo de delação premiada.

Promotor: A nota fiscal era preenchida da forma como eles diziam…
Edmar Cavalcante de Oliveira: Era.

Preste atenção nesta história. Edmar conta que pagou propina para o vereador Josineto Feitosa. O cheque foi repassado para Odilon Sanção, mas não tinha fundos.

Promotor: A ida do Odilon ao seu supermercado, o que ele foi cobrar?
Edmar Cavalcante de Oliveira: Foi cobrar um cheque de 29 mil e 800 que eu tinha passado para o Josineto. Esse eu entreguei para o Josineto mesmo.
Promotor: E era cheque de propina?
Edmar Cavalcante de Oliveira: Era cheque de propina.

Josineto Feitosa de Oliveira, do Solidariedade, é ex-presidente da Câmara. Procurado, ele não quis se manifestar. Segundo a investigação, o esquema de corrupção envolvia ainda contratos fraudulentos de aluguel de carros.

“Dos 40 veículos que a Câmara pagava todo mês pela locação ela recebia oito veículos”, diz o promotor de Justiça Hélio Rubens Pinheiro.

A locadora usada no esquema, a Corelo, pertence a quem? Ao Edmar, o dono do Baratão.

Odilon Sanção e outro vereador, José Arenes, do PT, também suspeito de participação no esquema, foram presos e transferidos para Belém. Procuramos os advogados dos dois, o de Odilon disse que não daria entrevista. O de Arenes não foi localizado. Em Parauapebas, a revolta é geral.

“A gente não tem escola, não tem saúde, não tem uma água de qualidade”, diz uma mulher.

“A cidade não tem saneamento básico, não tem esgoto. O município hoje está entregue para as cobras”, diz uma outra moradora.

Mas é assim que o vereador Major da Mactra, do PSDB, se dirige aos cidadãos: “Eu tô c*** e andando”.

O alvo de tanta gentileza eram professores que pediam melhores condições de trabalho. Em uma escola, o almoço e até as aulas de educação física são dentro da sala.

O improviso começa no caminho, naquele ônibus superlotado.

Ivan Saraiva, motorista: Eu levaria o que está escrito aqui, 48 passageiros. Tem viagem que a gente leva 120, 130 crianças.
Fantástico: Você colocaria seu filho em um ônibus desse?
Ivan Saraiva: Jamais.

No desembarque das crianças, dá para entender melhor o que acontece em Parauapebas.

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