Recepcionista de banco em Açailândia, a 567 km de São Luís, foi acompanhado pela polícia para se mudar do apartamento, três dias após as agressões
As agressões sofridas por
Gabriel da Silva Nascimento, no sábado (18/12), por volta das 6h30, em
Açailândia, foram destacadas pelo Fantástico da TV Globo nesse domingo (02).
O jovem, que trabalha como
recepcionista de uma agência da Caixa na cidade, tinha descido do condomínio
onde mora para vistoriar o carro, já que faria uma viagem para encontrar
colegas para uma confraternização. Nesse momento, sofreu as agressões.
Confira trechos da reportagem:
Os roxos e cortes no rosto e
no pescoço não foram as únicas marcas que ficaram em Gabriel da Silva
Nascimento, de 23 anos, que foi agredido dentro do próprio carro, em frente de
casa, em Açailândia, no Maranhão. Ele também acabou se mudando do imóvel, três
dias depois do crime, porque ele pertence à família da mulher que o agrediu
junto com um homem.
Os autores das agressões são o
empresário Jhonnatan Silva Barbosa e a dentista Ana Paula Vidal, que também
mora no prédio. Eles mandam o jovem sair do veículo e começam as agressões, que
foram registradas em vídeo. Gabriel é derrubado, sofre chutes, pisões, tapas e
Ana Paula põe os joelhos na sua barriga, enquanto Jhonnatan pisa em seu
pescoço. A sessão de espancamento só para quando um vizinho avisa que a vítima
é moradora do prédio e dono do carro de onde foi retirado.
No dia das agressões, Gabriel
foi à delegacia para fazer um boletim de ocorrência, mas em três tentativas
diferentes, ele foi informado de que o sistema estava fora do ar. Por isso, só
conseguiu registrar a queixa no dia seguinte, o que impediu a prisão em
flagrante dos agressores. Até agora, nenhum deles foi ouvido pela polícia.
Jhonnatan Silva Barbosa, o
agressor, já foi condenado pela Justiça por ter atropelado e matado um senhor
de 54 anos, em 2013. Ele foi condenado a 2 anos e 8 meses de prisão, que foram
convertidos em serviços comunitários e multa de um terço de um salário mínimo.
O Fantástico encontrou Jhonnatan, mas a pessoa que se identificou como tio dele
informou que o sobrinho não daria entrevista. Em nota, Ana Paula Vidal, também
agressora, pediu desculpas e disse que não teve uma atitude racista.
Para o advogado de Gabriel, o
ex-juiz Marlon Reis, o racismo é evidente: "Foi um caso de racismo. Muitas
vezes se busca, para a caracterização de um episódio claro de racismo, a
verbalização, a utilização de palavras que denotem o preconceito racial, mas
isso não é o padrão brasileiro, baseado em racismo estrutural", defende o
advogado.
Este é o mesmo entendimento de
José Carlos Silva de Almeida, da ONG Justiça nos Trilhos: "A partir do
momento que eles olham o Gabriel, enxergam nele um bandido, um ladrão. Estão
fazendo juízo de valor baseado na cor da pele, na vestimenta dele. Isso é
racismo", diz.
Gabriel havia comprado o carro
há 2 meses. Ele se mudou do prédio que morava porque ele pertence à família de
Ana Paula. Com medo, ele teve acompanhamento da polícia para retirar seus
pertences de lá.
Com informações de Alex
Barbosa/TV Globo
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