Governador de São Paulo tem avaliado que o tarifaço dos Estados Unidos e a ação de Eduardo Bolsonaro junto ao governo Donald Trump fortaleceram o presidente Lula.
Por Gerson Camarotti - 26/09/2025 04h00
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem dito em conversas reservadas que não pretende disputar a Presidência da República em 2026. Segundo interlocutores, ele demonstra forte convicção de que ficará fora da corrida presidencial diante de um cenário de fragmentação da direita.
A avaliação de Tarcísio é que a atuação do deputado Eduardo
Bolsonaro (PL-SP) na articulação das sanções aplicadas pelos
Estados Unidos ao Brasil contribuiu para dividir ainda mais o campo
conservador.
Ele tem atribuído a essa movimentação a recuperação da
aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), que até junho enfrentava desgaste e queda de popularidade. Tarcísio
diz esperar que Lula e Trump 'sentem para conversar'
Estratégia focada em São Paulo
Toda a estratégia política de Tarcísio está concentrada em
tentar a reeleição ao governo de São Paulo em 2026. Além da fragmentação da
direita, ele tem levantado novos fatores que pesam em sua decisão, como o risco
de depender do apoio da família Bolsonaro para viabilizar uma candidatura
nacional.
Caso entrasse na disputa presidencial, o governador teria de
deixar o cargo até abril de 2026, por exigência da legislação eleitoral. O
cenário de incerteza sobre uma unidade da direita e a possibilidade de perder
respaldo dos Bolsonaros pesaram para que Tarcísio manifestasse desânimo a
aliados.
Segundo pessoas próximas, ele também tem ponderado a
necessidade de dar segurança à própria família e evitar expô-la a um futuro
político indefinido.
Conflito com Eduardo Bolsonaro
No
auge do tarifaço, em julho, Tarcísio chegou a participar de uma reunião
virtual com Eduardo Bolsonaro e o youtuber Paulo Figueiredo — aliado do
deputado.
Na ocasião, alertou que as tarifas impostas pelos Estados
Unidos ao Brasil trariam consequências negativas para a direita, fortaleceriam
Lula e, ao final, obrigariam Donald Trump a
adotar uma solução pragmática diante da pressão do setor produtivo americano.
Esse cenário acabou se confirmando.
Ainda assim, Eduardo Bolsonaro manteve ataques ao governador
paulista e segue dizendo que será candidato ao Planalto em 2026, mesmo diante
da possibilidade de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Partido e sucessão na direita
Tarcísio também tem reiterado a aliados que não pretende
deixar o Republicanos para se filiar ao PL, como chegou a sugerir o presidente
da sigla, Valdemar
Costa Neto. Ele tem reafirmado lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro
e deve visitá-lo em prisão domiciliar na segunda-feira (29), mas interlocutores
ressaltam que o encontro não tratará de eleições.
Com a saída de Tarcísio do radar presidencial, cresce nos
bastidores a força do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), que vinha sendo
tratado como plano B da direita.
Nas últimas semanas, o presidente nacional do PSD, Gilberto
Kassab, tem aproximado Ratinho Jr. de setores estratégicos no país, inclusive,
junto ao empresariado, ao mercado financeiro e atores influentes da política.
Ampliando sua visibilidade como provável candidato ao
Planalto no ano que vem.
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