As eleições regionais e locais de ontem nos Estados Unidos, com disputas cruciais para governos estaduais e a Prefeitura de Nova York, deram ao Partido Democrata uma vitória contundente, interpretada como um referendo precoce contra o segundo mandato de Donald Trump. Os democratas venceram nas quatro principais frentes da noite: os governos da Virgínia e de Nova Jersey, a Prefeitura de Nova York e a Proposição 50 na Califórnia, sobre redistritamento (processo de redefinição dos limites dos distritos eleitorais). O resultado devolveu energia a uma base que parecia desmobilizada desde 2024. Custo de vida e o desgaste republicanoO tema dominante nas urnas foi o custo de vida. Pesquisas de boca de urna indicam que a economia superou imigração e segurança como principal preocupação. O dado é preocupante para Trump, que agora responde pela condução econômica do país. O senador democrata Chuck Schumer classificou o resultado como "repúdio à agenda Trump". Analistas apontam que, mesmo fora das cédulas, o presidente arrasta o partido com índices de aprovação baixos e uma gestão marcada por cortes no governo federal. Nova York: o fenômeno MamdaniA vitória mais simbólica veio de Nova York: o democrata-socialista Zohran Mamdani, 34, foi eleito o prefeito mais jovem da cidade em mais de um século, e o primeiro muçulmano e sul-asiático a ocupar o cargo. Ex-rapper e deputado estadual em segundo mandato, Mamdani — que, relata Mariana Sanches, começou como azarão — derrotou o ex-governador Andrew Cuomo, candidato independente apoiado por Trump. Com base em eleitores jovens e comunidades imigrantes, Mamdani construiu uma campanha centrada na acessibilidade da cidade mais cara do país. Entre suas promessas: Trump reagiu durante a campanha chamando-o de "comunista lunático". Mamdani respondeu em seu discurso após eleito: "Donald Trump, sei que você está assistindo: aumente o volume." O novo prefeito enfrenta agora um desafio orçamentário: suas propostas exigem mais de US$ 7 bilhões anuais. Isso depende da aprovação de aumentos de impostos pelo Legislativo estadual e pela governadora Kathy Hochul, que se opõe a tributar os mais ricos.. O The New York Times elogiou sua energia e alertou para a necessidade de pragmatismo; já o The Wall Street Journal o descreveu como um "teste de laboratório socialista" que pode espantar a capital e a população da cidade. A via moderadaEm contraste, Mikie Sherrill (Nova Jersey) e Abigail Spanberger (Virgínia) consolidaram o centro democrata. Spanberger, ex-agente da CIA, tornou-se a primeira mulher a governar a Virgínia, vencendo com ampla margem ao focar em pragmatismo, custo de vida e direitos reprodutivos. Sherrill, ex-piloto da Marinha, também fez história como primeira mulher democrata a governar Nova Jersey, derrotando Jack Ciattarelli e explorando a decisão vista como erro político de Trump de encerrar o projeto do Túnel Gateway, considerado vital para o estado. Califórnia contra-atacaNa Califórnia, os eleitores aprovaram a Proposição 50, uma medida para redesenhar temporariamente os distritos congressionais do estado. A iniciativa, liderada pelo governador Gavin Newsom, busca neutralizar manobras de manipulação eleitoral de distritos (conhecidas nos EUA como "gerrymandering") promovidas por republicanos em outros estados, como o Texas, e pode render aos democratas até cinco cadeiras adicionais na Câmara dos Representantes em 2026. |
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