terça-feira, 1 de setembro de 2015

Morte de ambientalista no Maranhão é denunciada à OEA

Raimundo dos Santos Rodrigues denunciava ação de madeireiros ilegais dentro Reserva Biológica do Gurupi desde 2012

O assassinato do ambientalista e conselheiro da Reserva Biológica do Gurupi, Raimundo dos Santos Rodrigues, foi denunciado à Organização dos Estados Americanos (OEA) nesta segunda-feira, 31, pela ONG Justiça Global. Raimundo foi morto em uma emboscada, a tiros e golpes de facão, na estrada que liga as cidades de Bom Jardim a Buriticupu, no Maranhão. Sua esposa ficou gravemente ferida no atentado. Desde 2012, ele vinha denunciando a ação de madeireiros ilegais na região, o que o tornou alvo de constantes ameaças. Tanto que os madeireiros teriam elaborado uma lista com o nome do conselheiro e de outras pessoas marcadas para morrer.

As ameaças contra a vida de Raimundo já haviam sido comunicadas à Ouvidoria Nacional Agrária, mas nada foi feito. A Justiça Global manifestou à OEA sua preocupação com a segurança e a vida dos outros conselheiros da ReBio do Gurupi e com os moradores da Comunidade Brejinho das Onças, localizada no interior da reserva, onde Raimundo vivia com a sua família. Além do conflito com os madeireiros, a comunidade sofre também com a perseguição de um latifundiário, ligado a políticos locais.

Em julho deste ano, o Ibama apreendeu e incendiou caminhões que eram utilizados para extrair madeira ilegal do interior da ReBio. A Reserva está conectada com as Terras Indígenas Alto Turiaçú, Awá e Carú. Juntas, formam um mosaico que representa o que resta de floresta amazônica no Maranhão. Em abril, o agente indígena de saneamento Eusébio Ka’apor foi assassinado com um tiro nas costas, na mesma região. De acordo com informações, ele teria sido vitimado por madeireiros contrários às ações de autofiscalização e vigilância territorial dos indígenas contra a exploração ilegal de madeira na Terra Indígena Alto Turiaçu.

Apesar de ser uma reserva ambiental, a ReBio do Gurupi não conta com uma proteção efetiva dos órgãos federais. O informe foi enviado para as relatorias da OEA de Execuções Sumárias, Defensores de Direitos Humanos e de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

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