Perguntas e respostas
sobre o julgamento do recurso de Lula no TRF-4
Condenado no processo
do triplex, ex-presidente recorreu à segunda instância e caso será analisado na
quarta-feira (24). Ele nega as acusações.
ndenado
pelo juiz Sérgio Moro a 9
anos e 6 meses de prisão no caso do triplex em Guarujá (SP), o
ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva terá seu recurso julgado na quarta-feira (24)
pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), segunda instância das
ações da Operação
Lava Jato.
A
condenação de Lula por um crime comum foi a primeira imposta a um ex-presidente
no Brasil. Tanto o petista quanto o Ministério Público Federal (MPF) recorreram
da decisão: a defesa pede a absolvição de Lula, e o MPF solicita o aumento da
pena.
Na
sentença, Moro sustenta que a OAS pagou R$ 2,2 milhões em propina a Lula por
meio da entrega do triplex e reformas realizadas no imóvel. O ex-presidente
nega ser dono do apartamento. Nesse mesmo processo, Lula foi absolvido da
acusação de ter se beneficiado irregularmente do armazenamento de seu acervo
presidencial, pago pela empresa.
Na
segunda instância, o caso será
analisado pelos três desembargadores da 8ª Turma do TRF-4, em Porto
Alegre. O processo possui outros seis réus. O G1 vai transmitir o
julgamento ao vivo.
Do que Lula é acusado?
O
ex-presidente foi denunciado na 13ª Vara Federal de Curitiba por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido da empreiteira OAS
um triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo.
Segundo
a denúncia, o imóvel e sua reforma seriam propina da OAS a Lula por
favorecimentos à empreiteira em contratos com a Petrobras.
Na
sentença, Moro sustenta que o ex-presidente ocultou a propriedade do triplex.
Por
que o processo foi parar neste tribunal?
O
TRF-4 tem jurisdição nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná,
com sede em Porto Alegre. Os desembargadores da Corte julgam recursos em causas
decididas por juízes federais de primeiro grau. É o caso do processo de Lula,
visto que as ações da Lava Jato são julgadas pela Justiça Federal em Curitiba.
Quem vai julgar os
recursos de Lula?
Formam
a 8ª Turma do TRF-4 três desembargadores: João Pedro Gebran Neto, relator das
ações da Lava Jato na segunda instância; Leandro Paulsen, revisor do processo e
presidente do colegiado; e Victor Luiz dos Santos Laus, decano do colegiado.
O que alega a defesa de
Lula na apelação?
A
apelação tem 491 páginas. Os advogados alegam que Moro agiu "de forma
parcial" no julgamento e defendem que não há provas contra Lula.
A
defesa diz, ainda, que "a OAS sempre foi e continua sendo a proprietária
do triplex".
O que pede o recurso do
MPF?
O
MPF pede
o aumento da pena aplicada por Moro a Lula. De acordo com o recurso,
Moro considerou apenas um ato de corrupção passiva na sentença, mas o MPF
argumenta que foram três atos autônomos. O MPF solicita, ainda, a aplicação do
regime fechado a Lula.
O julgamento pode ser
adiado?
Qualquer
um dos magistrados pode pedir vista do processo, ou seja, mais tempo para
analisá-lo. Se isso acontecer, não há data para a retomada do julgamento.
O processo acaba com
este julgamento?
Não.
Ainda há possibilidade de novos recursos.
Como a defesa de Lula
ainda poderá recorrer?
Caso
a condenação seja mantida na segunda instância, Lula poderá apresentar dois
tipos de recurso no próprio TRF-4, dependendo do resultado do julgamento:
Embargos
de declaração (3 a 0 pela condenação):
Os
embargos de declaração não têm o poder de reverter a condenação. Este recurso é
usado apenas para esclarecer pontos da decisão judicial. A defesa deve entrar
com embargos de declaração até 2 dias após a publicação do acórdão.
O
recurso é julgado pela mesma 8ª Turma, e o trâmite costuma ser rápido
Embargos
infringentes (2 a 1 pela condenação):
Os embargos
infringentes podem reverter a condenação. Esse tipo de recurso é usado quando a
decisão não é unânime no julgamento da apelação, ou seja, quando há divergência
entre os votos dos desembargadores. A defesa deve entrar com embargos
infringentes até 10 dias após a publicação do acórdão
O
recurso é julgado pela 4ª Seção do TRF-4, formada pelos integrantes da 7ª e da
8ª Turmas (seis desembargadores no total).
Após
essas etapas, a defesa de Lula ainda poderá recorrer ao Superior Tribunal de
Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O que ocorre em caso de
absolvição?
Se
o TRF-4 derrubar a sentença de Moro e absolver Lula, o MPF poderá,
eventualmente, recorrer aos tribunais superiores em Brasília. O MPF também
poderá recorrer com embargos de declaração no próprio TRF-4.
Lula poderá ser preso
logo após o julgamento?
Não.
O TRF-4 e o MPF já anunciaram que só haverá prisão quando todas as
possibilidades de recurso se esgotarem no tribunal. Se Lula for condenado,
quais são as consequências para uma eventual candidatura?
Se
todas as possibilidades de recurso se esgotarem no TRF-4 e a condenação for
mantida pelo tribunal, Lula poderá ter o registro de sua candidatura negado
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa, que
prevê que condenados em segunda instância não podem se candidatar.
Há,
no entanto, uma exceção prevista na própria lei: o condenado pode tentar obter
uma liminar (decisão provisória) no STJ ou no STF para suspender a condenação e
garantir o registro de sua candidatura.
O
processo, nesse caso, teria prioridade nos tribunais superiores, para acelerar
uma decisão definitiva.
Além de Lula, quais
outros réus no caso do triplex terão recursos julgados no TRF-4?
Há
outros dois réus que recorrem no mesmo processo: o ex-presidente da OAS, Léo
Pinheiro, condenado em primeira instância a 10 anos e 8 meses de prisão; e o
ex-diretor da área internacional da OAS, Agenor Franklin Magalhães Medeiros,
condenado a 6 anos.
Paulo
Okamotto, ex-presidente do Instituto Lula, foi absolvido em primeira instância,
mas a defesa solicita a troca dos fundamentos da sentença.
O
MPF, por sua vez, recorre das absolvições de três executivos da OAS: Paulo
Roberto Gordilho, Roberto Moreira Ferreira e Fábio Hori Yonamine.
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