José Roberto de Castro Viana foi preso em Brasília depois de vender quase meio milhão de cabeças de gado desde julho de 2021, em fraudes originadas no Maranhão.
Por
Fantástico
21/07/2024 23h18 Atualizado há
11 horas
Operação
do MP do Maranhão descobre esquema bilionário de venda de gado clandestino no
Brasil
Um empresário ficou conhecido como Rei do Gado
– nome de uma novela exibida pela TV Globo nos anos 1990 – por
aparecer com várias fazendas, com rebanhos gigantescos. No entanto, uma
investigação da polícia descobriu que ele era dono delas apenas no papel. E na
verdade, era o responsável por um grande esquema criminoso.
Segundo os documentos oficiais emitidos pela
Secretaria da Fazenda do Maranhão, José Roberto de Castro Viana vendeu quase
500 milhões de cabeças de gado somente entre julho de 2021 e abril de 2024. No
entanto, o Ministério Público do estado comparou as informações prestadas pelo
pecuarista. E viu uma diferença entre o tamanho das propriedades dele e a
quantidade de gado presente nelas.
A investigação diz que o empresário corrompeu
funcionários públicos para obter e fraudar documentos oficiais que demonstravam
que as cabeças de gado saíam de propriedades dele e iam para os frigoríficos.
Ele, no entanto, vendia os documentos para criadores de bois clandestinos que
negociavam o rebanho sem respeitar regras sanitárias.
Se as contas de José Roberto estivessem corretas,
ele precisaria ter uma área 10 mil vezes maior do que a que realmente tinha
para caber a quantidade de cabeças de gado que ele dizia ter.
No esquema de José Roberto, o nascimento dos
bois – que é registrado no sistema estadual de controle de rebanho – também era
adulterado. No tempo normal, do boi ir para o pasto até a carne chegar ao prato
leva entre 1 ano e meio e 2 anos. Na fraude, os bezerros em registrados em um
dia, e minutos depois, já tinham dois anos de idade – idade pronta para ser
abatida. Assim, o gado clandestino passava a ter um histórico real documentado,
e podia ser transportado pelos frigoríficos como se tivesse saído do Maranhão,
de suas propriedades.
Quem percebeu a fraude foi a defesa
agropecuária da Secretaria de Agricultura de São Paulo, que estranhou a
frequência e a quantidade de animais vindos das fazendas maranhenses e as guias
de transporte emitidas quase sempre pelo mesmo funcionário. O MP de Maranhão
descobriu a fraude e afastou seis funcionários.
Além de José Roberto, preso em Brasília, outras
20 pessoas foram identificadas no esquema.
A equipe do Fantástico procurou a
defesa do pecuarista, mas ninguém quis se pronunciar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário